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CAPÍTULO 4<br />

Que se faça escuro<br />

A gravidade, a mais familiar das forças naturais, oferece-nos<br />

simultaneamente os fenômenos mais e menos compreendidos da natureza.<br />

Foi necessária a mente de Isaac Newton, a mais brilhante e influente do<br />

milênio, para compreender que a misteriosa “ação à distância” da gravidade<br />

surge dos efeitos naturais de cada pedacinho de matéria, e que as forças<br />

atrativas entre dois objetos quaisquer podem ser descritas por uma simples<br />

equação algébrica. Foi necessária a mente de Albert Einstein, a mais brilhante<br />

e influente do século XX, para mostrar que podemos descrever com mais<br />

precisão a ação à distância da gravidade como uma dobra no tecido do<br />

espaço-tempo, produzida por toda e qualquer combinação de matéria e<br />

energia. Einstein demonstrou que a teoria de Newton requer alguma<br />

modificação para descrever a gravidade com acuidade – ao predizer, por<br />

exemplo, o quanto os raios de luz se curvarão ao passar perto de um objeto<br />

massivo. Embora as equações de Einstein sejam mais elegantes que as de<br />

Newton, elas acomodam muito bem a matéria que viemos a conhecer e<br />

amar. Matéria que podemos ver, tocar, sentir e, de vez em quando, degustar.<br />

Não sabemos quem é o próximo na sequência de gênios, mas há bem mais<br />

de meio século estamos esperando que apareça alguém para nos explicar por<br />

que o volume de todas as forças gravitacionais que já medimos no universo<br />

surge de substâncias que não vemos, nem tocamos, nem sentimos, nem<br />

degustamos. Ou talvez a gravidade excessiva não venha absolutamente da<br />

matéria, mas emane de alguma outra coisa conceitual. Em todo caso,<br />

estamos sem nenhuma pista. Hoje descobrimos que não estamos mais perto<br />

de uma resposta do que estávamos quando esse problema da “massa<br />

ausente” foi identificado pela primeira vez em 1933, por astrônomos que<br />

mediam as velocidades de galáxias cuja gravidade afetava suas vizinhas<br />

próximas, e mais plenamente analisado em 1937, pelo fascinante astrofísico<br />

búlgaro-suíço-americano Fritz Zwicky, que lecionou no Instituto de<br />

Tecnologia da Califórnia por mais de quarenta anos, combinando seus insights<br />

de longo alcance sobre o cosmos com um meio de expressão vívido e uma<br />

capacidade impressionante de antagonizar seus colegas.<br />

Zwicky estudou o movimento de galáxias dentro de um aglomerado<br />

titânico de galáxias, localizado muito além das estrelas locais da Via Láctea<br />

que delineiam a constelação Coma Berenices (a “cabeleira de Berenice”,<br />

uma rainha egípcia da antiguidade). O aglomerado de Coma, assim como é<br />

chamado por aqueles que são do ramo, é um conjunto isolado e ricamente<br />

povoado de galáxias a cerca de 300 milhões de anos-luz da Terra. Seus<br />

muitos milhares de galáxias orbitam o centro do aglomerado, movendo-se em<br />

todas as direções como abelhas circulando sua colmeia. Usando os

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