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Perto desses respiradouros, muito abaixo das profundezas onde nenhuma<br />

luz solar penetra, os oceanógrafos encontraram vermes tubulares tão<br />

compridos quanto um homem, prosperando entre grandes colônias de<br />

bactérias e outras pequenas criaturas. Em vez de extrair sua energia da luz<br />

solar, como as plantas fazem com a fotossíntese, a vida perto dos<br />

respiradouros do mar profundo depende da “quimiossíntese”, a produção de<br />

energia por reações químicas, que, por sua vez, dependem do calor<br />

geotérmico.<br />

Como é que a quimiossíntese acontece? A água quente que esguicha dos<br />

respiradouros do mar profundo emerge carregada de compostos hidrogênioenxofre<br />

e hidrogênio-ferro. As bactérias perto dos respiradouros combinam<br />

essas moléculas com os átomos de hidrogênio e oxigênio das moléculas de<br />

dióxido de carbono dissolvidas na água do mar. Essas reações formam<br />

moléculas maiores – carboidratos – a partir de átomos de carbono, oxigênio e<br />

hidrogênio. Assim as bactérias perto dos respiradouros do mar profundo<br />

imitam as atividades de suas primas lá do alto, que fazem igualmente<br />

carboidratos a partir do carbono, oxigênio e hidrogênio. Um dos grupos de<br />

microrganismos extrai da luz solar a energia para fazer os carboidratos, e o<br />

outro, das reações químicas nos leitos do oceano. Perto dos respiradouros do<br />

fundo do mar, outros organismos consomem as bactérias que fazem os<br />

carboidratos, tirando proveito da sua energia assim como os animais comem<br />

plantas, ou comem animais que comem plantas.<br />

Nas reações químicas perto dos respiradouros do fundo do mar,<br />

entretanto, acontecem mais coisas além da produção de moléculas de<br />

carboidratos. Os átomos de ferro e enxofre, que não são incluídos na<br />

molécula de carboidrato, combinam para criar compostos próprios, em<br />

especial cristais de pirita de ferro, chamados familiarmente de “ouro dos<br />

tolos”, conhecidos dos antigos gregos como “pedra de fogo”, porque um bom<br />

golpe de outra pedra arrancará centelhas dela. A pirita de ferro, o mais<br />

abundante dos minerais que contêm enxofre encontrados sobre a Terra,<br />

talvez tenha desempenhado um papel crucial na origem da vida ao encorajar<br />

a formação de moléculas de carboidratos. Essa hipótese proveio da mente de<br />

um alemão, advogado de patentes e biólogo amador, Günter<br />

Wächtershäuser, cuja profissão não o exclui da especulação biológica, assim<br />

como o trabalho de Einstein como advogado de patentes não lhe barrou a<br />

compreensão da física. (Sem dúvida, Einstein tinha um grau acadêmico<br />

avançado em física, enquanto Wächtershäuser é sobretudo autodidata em<br />

biologia e química.)<br />

Em 1994, Wächtershäuser propôs que as superfícies de cristais de pirita<br />

de ferro, formados naturalmente pela combinação do ferro e enxofre que<br />

brotavam dos respiradouros do mar profundo no início da história da Terra,<br />

teriam oferecido sítios naturais onde moléculas ricas em carbono podiam se<br />

acumular, adquirindo novos átomos de carbono do material ejetado pelos<br />

respiradouros próximos. Como aqueles que propuseram que a vida começou<br />

em poças ou lagunas das marés, Wächtershäuser não tem nenhum caminho

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