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civilização.<br />

Há mais de cinquenta anos, o gênio italiano Enrico Fermi, talvez o último<br />

grande físico a trabalhar não só como experimentalista, mas também como<br />

teórico, discutia a vida extraterrestre durante um almoço com seus colegas.<br />

Ao concordarem que nada particularmente especial distingue a Terra como<br />

uma morada para a vida, os cientistas chegaram à conclusão de que a vida<br />

devia ser abundante na Via Láctea. Nesse caso, perguntou Fermi, numa<br />

indagação que se propaga como ondas através das décadas, onde eles estão?<br />

Fermi queria dizer que, se muitos lugares em nossa galáxia presenciaram o<br />

advento de civilizações tecnologicamente avançadas, certamente teríamos<br />

ouvido falar de uma delas a essa altura, por meio de mensagens de rádio ou<br />

laser, senão por visitas concretas. Ainda que a maioria das civilizações se<br />

extinga rapidamente, como pode acontecer com a nossa, a existência de<br />

grandes números de civilizações implica que algumas delas devem ter<br />

períodos de vida suficientemente longos para montar programas de longo<br />

prazo em busca de outras. Ainda que algumas dessas civilizações de longa<br />

vida não se interessem em participar dessas buscas, outras se interessarão.<br />

Assim, o fato de não termos visitas cientificamente comprovadas na Terra,<br />

nem demonstrações confiáveis de sinais produzidos por outra civilização,<br />

talvez prove que superestimamos muito mal a probabilidade de que apareçam<br />

civilizações inteligentes na Via Láctea.<br />

Fermi tinha um argumento forte. Todo dia que passa acrescenta um<br />

pouco mais de evidência à probabilidade de que estamos sozinhos em nossa<br />

galáxia. Entretanto, quando examinamos os números factuais, a evidência<br />

parece fraca. Se vários milhares de civilizações existem na galáxia em<br />

qualquer época representativa, a separação média entre as civilizações<br />

vizinhas será de alguns milhares de anos-luz, igual a mil vezes a distância até<br />

as estrelas mais próximas. Se uma ou mais dessas civilizações perdurou<br />

milhões de anos, poderíamos esperar que nos teriam enviado um sinal a essa<br />

altura, ou teriam se revelado para nossas modestas tentativas de escuta<br />

clandestina. Entretanto, se nenhuma civilização atinge nada que chegue<br />

perto desse tempo de duração, então temos de trabalhar com mais afinco<br />

para encontrar nossos vizinhos, porque é possível que nenhum deles esteja<br />

engajado numa tentativa de procurar outras civilizações em toda a galáxia, e<br />

que nenhum deles esteja fazendo transmissões de rádio tão poderosas que<br />

nossos presentes esforços de escuta clandestina possam descobri-los.<br />

Assim, permanecemos numa condição humana familiar, equilibrados no<br />

fio de acontecimentos que podem não ocorrer. A notícia mais importante na<br />

história humana pode chegar amanhã, no próximo ano ou nunca. Vamos<br />

seguir adiante e entrar num novo amanhecer, prontos a abraçar o cosmos<br />

assim como ele nos circunda, e assim como ele se revela, brilhante de energia<br />

e repleto de mistério.

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