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enigma intrigante. Se visitantes alienígenas na Terra optam por não serem<br />
detectados, e se possuem uma tecnologia muito superior à nossa, como<br />
sugerem suas viagens através de distâncias interestelares, por que<br />
simplesmente não são bem-sucedidos nos seus planos? Por que deveríamos<br />
esperar obter alguma evidência – visões, círculos em plantações, pirâmides<br />
construídas por antigos astronautas, memórias de abduções – se os<br />
alienígenas preferem passar despercebidos? Eles devem estar confundindo<br />
nossas mentes, divertindo-se com seu joguinho de gato e rato. Muito<br />
provavelmente, também manipulam nossos líderes em segredo, uma<br />
conclusão que logo esclarece grande parte da política e entretenimento.<br />
O fenômeno ufo acentua um aspecto importante de nossa consciência.<br />
Mesmo acreditando que nosso planeta é o centro da criação, e que os<br />
arredores estrelados devem decorar nosso mundo, e não o contrário, ainda<br />
assim conservamos um forte desejo de nos conectar com o cosmos,<br />
manifestado em atividades mentais tão disparatadas quanto dar crédito a<br />
relatos de visitantes extraterrestres e acreditar numa divindade benevolente<br />
que envia raios e emissários à Terra. As raízes dessa atitude estão nos tempos<br />
em que existia uma distinção evidente entre o céu acima e a Terra abaixo,<br />
entre os objetos que podíamos tocar e arranhar, e aqueles que se moviam e<br />
brilhavam, mas continuavam para sempre fora de nosso alcance. A partir<br />
dessas diferenças, traçamos distinções entre o corpo terreno e a alma<br />
cósmica, o mundano e o maravilhoso, o natural e o sobrenatural. A<br />
necessidade de uma ponte mental ligando esses dois aspectos aparentes da<br />
realidade tem determinado muitas de nossas tentativas para criar um<br />
quadro coerente de nossa existência. A demonstração da ciência moderna<br />
de que somos poeira de estrelas provocou uma enorme distorção em nosso<br />
equipamento mental, algo de que ainda estamos lutando para nos recuperar.<br />
Os ufos sugerem novos mensageiros da outra parte da existência, todos<br />
visitantes poderosos que sabem muito bem o que estão fazendo, enquanto<br />
nós continuamos ignorantes, mal e mal cientes de que a verdade está lá fora.<br />
Essa atitude foi bem captada no filme clássico The Day the Earth Stood Still<br />
(1951) (O dia em que a Terra parou), no qual um visitante alienígena, muito<br />
mais sábio que nós, vem à Terra para nos alertar que nosso comportamento<br />
violento pode acarretar nossa própria destruição.<br />
Nossos sentimentos inatos sobre o cosmos manifestam um lado escuro<br />
que projeta nossos sentimentos acerca de forasteiros humanos em visitantes<br />
não humanos. Muito relato sobre os ufos contém frases semelhantes a<br />
“Escutei algo estranho lá fora, por isso peguei meu rifle e fui ver o que era”.<br />
Filmes que apresentam alienígenas na Terra também escorregam facilmente<br />
para um tom hostil, do épico da guerra fria Earth Versus the Flying Saucers<br />
(1956) (A invasão dos discos voadores), no qual os militares explodem uma<br />
espaçonave alienígena sem sequer se deterem para perguntar suas intenções,<br />
até Signs (2002) (Sinais), em que o herói amante da paz, sem rifle na mão,<br />
usa um taco de beisebol para castigar seus invasores – um método que<br />
provavelmente não terá sucesso contra alienígenas reais capazes de cruzar