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Durante os primeiros dias do universo, o cosmos expandiu-se de modo tão<br />

rápido que, se o universo tivesse sido rigorosamente homogêneo e isotrópico<br />

em todas as escalas de tamanho, a gravidade não teria tido nenhuma<br />

chance de vitória. Hoje tudo isso não seriam galáxias, estrelas, planetas ou<br />

pessoas, apenas uma distribuição dispersa de átomos por toda parte no espaço<br />

– um cosmos monótono e aborrecido, sem admiradores e objetos de<br />

admiração. Mas o nosso é um universo divertido e emocionante só porque<br />

apareceram inomogeneidades e anisotropias durante aqueles primeiros<br />

momentos cósmicos, que serviram como uma espécie de sopa-aperitivo para<br />

todas as concentrações de matéria e energia que surgiriam mais tarde. Sem<br />

essa vantagem no início, o universo rapidamente em expansão teria impedido<br />

a gravidade de reunir matéria para construir as estruturas familiares que<br />

hoje aceitamos como naturais no universo.<br />

O que gerou esses desvios, as inomogeneidades e as anisotropias que<br />

fornecem as sementes para toda a estrutura no cosmos? A resposta chega da<br />

esfera da mecânica quântica, não sonhada por Isaac Newton, mas inevitável<br />

se esperamos compreender de onde viemos. A mecânica quântica nos diz<br />

que, nas menores escalas de tamanho, nenhuma distribuição de matéria<br />

pode permanecer homogênea e isotrópica. Em vez disso, flutuações aleatórias<br />

na distribuição da matéria vão aparecer, desaparecer e reaparecer em<br />

quantidades diferentes, quando a matéria se torna uma massa trêmula de<br />

partículas a desaparecer e renascer. Em qualquer tempo particular, algumas<br />

regiões do espaço terão ligeiramente mais partículas, e, portanto, uma<br />

densidade ligeiramente maior do que outras regiões. Dessa fantasia irreal,<br />

contraintuitiva, derivamos tudo o que existe. As regiões um pouco mais<br />

densas tinham a chance de atrair um pouco mais de partículas pela<br />

gravidade, e com o tempo o cosmos transformou essas regiões mais densas<br />

em estruturas.<br />

Ao acompanhar o crescimento da estrutura desde a época logo depois do<br />

big bang, podemos adquirir uma compreensão de duas épocas-chave que já<br />

encontramos, a “era da inflação”, quando o universo se expandiu num ritmo<br />

espantoso, e a “época do desacoplamento”, aproximadamente 380.000 anos<br />

depois do big bang, quando a radiação cósmica de fundo parou de interagir<br />

com a matéria.<br />

A era inflacionária durou de cerca de 10 -37 segundo a 10 -33 segundo<br />

depois do big bang. Durante esse período relativamente breve de tempo, o<br />

tecido do espaço e tempo se expandiu com mais rapidez que a luz, crescendo<br />

num bilionésimo de trilionésimo de trilionésimo de um segundo desde cem<br />

quintilhões de vezes menor que o tamanho de um próton até<br />

aproximadamente 10,16 centímetros. Sim, o universo observável cabia<br />

outrora dentro de uma toranja. Mas o que causou a inflação cósmica? Os<br />

cosmólogos nomearam o culpado: “uma transição de fase” que deixou atrás<br />

uma assinatura específica e observável na radiação cósmica de fundo.<br />

Transições de fase não são exclusivas da cosmologia; ocorrem<br />

frequentemente na privacidade de nossas casas. Congelamos a água para

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