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CAPÍTULO 5<br />
Que se faça mais escuro<br />
O cosmos, sabemos agora, tem um lado luminoso e um lado escuro. O lado<br />
luminoso abrange todos os objetos celestes familiares – as estrelas, que se<br />
agrupam aos bilhões em galáxias, bem como os planetas e alguns escombros<br />
cósmicos menores que talvez não produzam luz visível, mas emitem outras<br />
formas de radiação eletromagnética, como o infravermelho ou as ondas de<br />
rádio.<br />
Descobrimos que o lado escuro do universo abrange a enigmática matéria<br />
escura, detectada apenas por sua influência gravitacional sobre a matéria<br />
visível, porém, quanto ao mais, de forma e composição completamente<br />
desconhecidas. Uma quantidade modesta dessa matéria escura pode ser<br />
matéria comum que permanece invisível, porque não produz nenhuma<br />
radiação detectável. Mas, conforme detalhado no capítulo anterior, o grande<br />
volume da matéria escura deve consistir em matéria não comum cuja<br />
natureza continua a nos eludir – exceto por sua força gravitacional sobre a<br />
matéria que podemos ver.<br />
Além de todas as questões concernentes à matéria escura, o lado escuro<br />
do universo tem outro aspecto, inteiramente diferente. Um aspecto que não<br />
se acha em matéria de nenhum tipo, mas no próprio espaço. Devemos esse<br />
conceito, junto com os resultados surpreendentes que implica, ao pai da<br />
cosmologia moderna, a ninguém menos que o próprio Albert Einstein.<br />
Há noventa anos, enquanto as recém-aperfeiçoadas metralhadoras da<br />
Primeira Guerra Mundial massacravam milhares de soldados algumas<br />
centenas de quilômetros mais para o oeste, Albert Einstein estava em seu<br />
escritório em Berlim, meditando sobre o universo. Quando a guerra<br />
começou, Einstein e um colega tinham feito circular uma petição contra a<br />
guerra entre seus pares, colhendo duas outras assinaturas além das suas<br />
próprias. Esse ato o afastou de seus colegas cientistas, a maioria dos quais<br />
tinha assinado um apelo para ajudar o esforço de guerra alemão, e arruinou a<br />
carreira de seu colega. Mas a personalidade cativante e a fama científica de<br />
Einstein lhe permitiram manter a estima de seus pares. Ele continuou seus<br />
esforços para encontrar equações que pudessem descrever acuradamente o<br />
cosmos.<br />
Antes do fim da guerra, Einstein obteve sucesso – indiscutivelmente seu<br />
maior sucesso dentre todos. Em novembro de 1915, ele produziu sua teoria<br />
da relatividade geral, que descreve como o espaço e a matéria interagem: a<br />
matéria diz ao espaço como se curvar, e o espaço diz à matéria como se<br />
mover. Para substituir a misteriosa “ação à distância” de Newton, Einstein<br />
via a gravidade como uma deformação local no tecido do espaço. O Sol, por<br />
exemplo, cria uma espécie de depressão, curvando o espaço mais