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que não é natural. Existem duas possibilidades básicas: poderíamos encontrar<br />
outra civilização escutando clandestinamente suas próprias comunicações,<br />
parte das quais vaza para o espaço assim como nossas transmissões de rádio e<br />
televisão; ou poderíamos descobrir sinais deliberadamente emitidos, com a<br />
intenção de atrair a atenção de civilizações antes não catalogadas como a<br />
nossa.<br />
A escuta clandestina propõe claramente uma tarefa mais difícil. Um sinal<br />
emitido concentra sua potência numa direção particular, de modo que<br />
detectar esse sinal se torna muito mais fácil, se ele for deliberadamente<br />
enviado na nossa direção, ao passo que sinais que vazam no espaço difundem<br />
sua força mais ou menos uniformemente em todas as direções, sendo,<br />
portanto, muito mais fracos a uma determinada distância de sua fonte do<br />
que um sinal emitido. Além disso, um sinal emitido conteria<br />
presumivelmente alguns exercícios preliminares para dizer aos receptores<br />
como interpretá-lo, enquanto a radiação que vaza no espaço não traria<br />
nenhum manual do usuário desse tipo. Nossa própria civilização tem vazado<br />
sinais por muitas décadas, e enviou um sinal emitido numa direção<br />
particular por alguns minutos. Se as civilizações são raras, qualquer tentativa<br />
de encontrá-las deve se concentrar na escuta clandestina e evitar a tentação<br />
de esperar por sinais deliberadamente emitidos.<br />
Com sistemas sempre melhores de antenas e receptores, os proponentes<br />
do SETI começaram a escutar às escondidas no cosmos, esperando encontrar<br />
evidência de outras civilizações. Precisamente porque não temos garantia de<br />
que vamos ouvir alguma coisa com esse tipo de escuta, aqueles que se<br />
ocupam dessas atividades têm dificuldades em obter financiamentos. No<br />
início da década de 1990, o Congresso dos Estados Unidos sustentou um<br />
programa do SETI por um ano, até que cabeças mais frias acabaram com a<br />
brincadeira. Os cientistas do SETI agora garantem seu sustento, em parte,<br />
com a colaboração de milhões de pessoas que baixam um protetor de tela (do<br />
site da Web setiathome.sl.berkeley.edu) que coopta computadores pessoais<br />
para analisar dados relativos a sinais alienígenas em seu tempo livre. Ainda<br />
mais financiamento tem vindo de indivíduos ricos, muito notavelmente o<br />
falecido Bernard Oliver, um proeminente engenheiro da Hewlett-Packard<br />
com um interesse de vida inteira pelo SETI, e Paul Allen, o cofundador da<br />
Microsoft. Oliver passou muitos anos pensando sobre o problema básico no<br />
SETI, a dificuldade de vasculhar bilhões de possíveis frequências em que<br />
outras civilizações poderiam estar transmitindo. Dividimos o espectro do<br />
rádio em faixas relativamente largas, de modo que existem apenas algumas<br />
centenas de frequências diferentes para as transmissões de rádio e televisão.<br />
Em princípio, entretanto, os sinais alienígenas poderiam estar confinados em<br />
frequências tão estreitas que o mostrador do SETI precisaria de bilhões de<br />
entradas. Sistemas poderosos de computador, que estão no coração das<br />
atuais atividades do SETI, são capazes de enfrentar esse desafio analisando<br />
simultaneamente centenas de milhões de frequências. Por outro lado, ainda<br />
não encontraram nada que sugira comunicações de rádio de outra