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em distâncias astronomicamente grandes. Embora tenha inventado o<br />

MOND como uma ferramenta computacional, Milgrom não excluiu a<br />

possibilidade de que sua teoria pudesse se referir a um novo fenômeno da<br />

natureza.<br />

O MOND teve um sucesso apenas limitado. A teoria pode explicar o<br />

movimento de objetos isolados nos confins exteriores de muitas galáxias<br />

espirais, mas provoca mais perguntas do que fornece respostas. O MOND não<br />

consegue predizer com segurança a dinâmica de configurações mais<br />

complexas, como o movimento de galáxias em sistemas binários e múltiplos.<br />

Além disso, o mapa detalhado da radiação cósmica de fundo, produzido pelo<br />

satélite WMAP em 2003, permitiu que os cosmólogos isolassem e medissem a<br />

influência da matéria escura no universo primitivo. Como esses resultados<br />

parecem corresponder a um modelo consistente do cosmos baseado em<br />

teorias convencionais da gravidade, o MOND tem perdido muitos adeptos.<br />

Durante o primeiro meio milhão de anos depois do big bang, um mero<br />

momento no âmbito de 14 bilhões de anos de história cósmica, a matéria no<br />

universo já começara a coalescer em bolhas que se tornariam aglomerados e<br />

superaglomerados de galáxias. Mas o cosmos estava sempre se expandindo e<br />

dobraria de tamanho durante seu próximo meio milhão de anos. Assim o<br />

universo reage a dois efeitos concorrentes: a gravidade querendo fazer as<br />

coisas coagularem, mas a expansão querendo diluí-las. Se você faz os<br />

cálculos, vai rapidamente deduzir que a gravidade da matéria comum não<br />

poderia ganhar essa batalha sozinha. Precisava da ajuda da matéria escura,<br />

sem a qual estaríamos vivendo – na realidade, não vivendo – num universo<br />

sem estrutura: sem aglomerados, sem galáxias, sem estrelas, sem planetas,<br />

sem pessoas. Quanta gravidade da matéria escura se fazia necessária? Seis<br />

vezes a quantidade fornecida pela própria matéria comum. Essa análise não<br />

deixa margem para os pequenos termos corretivos do MOND nas leis de<br />

Newton. A análise não nos diz o que é a matéria escura, apenas que os efeitos<br />

da matéria escura são reais – e que, por mais que se tente, não se pode<br />

creditar esse fato à matéria comum.<br />

A matéria escura desempenha outro papel crucial no universo. Para<br />

avaliar tudo o que a matéria escura fez por nós, é preciso voltar no tempo a<br />

uns dois minutos depois do big bang, quando o universo ainda era tão<br />

imensamente quente e denso que os núcleos de hidrogênio (prótons) podiam<br />

se fundir. Esse cadinho do cosmos primitivo fundiu hidrogênio em hélio,<br />

junto com vestígios de lítio, mais uma quantidade ainda menor de deutério,<br />

que é uma versão mais pesada do núcleo de hidrogênio, com um nêutron<br />

acrescentado ao próton. Essa mistura de núcleos fornece outra impressão<br />

digital cósmica do big bang, uma relíquia que nos permite reconstruir o que<br />

aconteceu quando o cosmos tinha uns poucos minutos de existência. Na<br />

criação dessa impressão digital, o principal motor foi a força nuclear forte – a<br />

força que une os prótons e nêutrons dentro do núcleo – e não a gravidade,<br />

uma força tão fraca que só ganha importância quando as partículas se<br />

aglomeram aos trilhões.

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