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passar por paredes e portas como se elas não estivessem ali. Embora equipado<br />
com esses talentos, por que ele simplesmente não caía, passando através do<br />
piso, dentro do porão?<br />
Se pudermos construir detectores suficientemente sensíveis, as partículas<br />
da matéria escura, estudadas pelo físico de partículas, talvez se revelem por<br />
meio de interações familiares. Ou talvez revelem sua presença por meio de<br />
outras forças que não a força nuclear forte, a força nuclear fraca e o<br />
eletromagnetismo. Essas três forças (mais a gravidade) medeiam todas as<br />
interações entre duas partículas e entre todas as partículas conhecidas.<br />
Assim as escolhas são claras. Ou as partículas da matéria escura devem<br />
esperar que descubramos e controlemos uma nova força ou classe de forças<br />
por meio das quais as partículas interagem, ou então as partículas da matéria<br />
escura interagem via forças normais, mas com uma fraqueza assombrosa.<br />
Os teóricos do MOND não veem partículas exóticas em seus testes<br />
Rorschach. Eles acham que é a gravidade, e não as partículas, que precisa de<br />
correção. E assim produziram uma dinâmica newtoniana modificada – uma<br />
tentativa audaciosa que parece ter falhado, mas que é sem dúvida a<br />
precursora de outras tentativas de mudar nossa visão da gravidade em vez<br />
de alterar nosso censo das partículas subatômicas.<br />
Outros físicos perseguem o que eles chamam TOEs ou “teorias de tudo”.<br />
Num subproduto de uma dessas versões, o nosso próprio universo está perto<br />
de um universo paralelo, com o qual interagimos apenas por meio da<br />
gravidade. Nunca nos deparamos com nenhuma matéria desse universo<br />
paralelo, mas podemos talvez sentir seu puxão atravessando as dimensões<br />
espaciais de nosso próprio universo. Imagine um universo fantasma bem ao<br />
lado do nosso, que nos é revelado apenas pela sua gravidade. Parece exótico e<br />
inacreditável, mas provavelmente não mais do que as primeiras sugestões de<br />
que a Terra orbita o Sol, ou de que nossa galáxia não está sozinha no<br />
universo.<br />
Assim, os efeitos da matéria escura são reais. Apenas não sabemos o que é a<br />
matéria escura. Parece não interagir por meio da força forte, por isso não é<br />
capaz de formar núcleos. Não se descobriu que interage por meio da força<br />
nuclear fraca, algo que até os elusivos neutrinos fazem. Não parece interagir<br />
com a força eletromagnética, portanto não cria moléculas, nem absorve,<br />
emite, reflete ou espalha luz. Exerce gravidade, entretanto, à qual a matéria<br />
comum reage. Só isso. Depois de todos esses anos de investigação, os<br />
astrofísicos não a descobriram fazendo nada mais.<br />
Mapas detalhados da radiação cósmica de fundo têm demonstrado que a<br />
matéria escura deve ter existido durante os primeiros 380.000 anos do<br />
universo. Hoje também precisamos da matéria escura em nossa galáxia e em<br />
aglomerados de galáxias para explicar os movimentos dos objetos nelas<br />
contidos. Mas, até onde sabemos, a marcha da astrofísica ainda não foi<br />
descarrilada ou bloqueada pela nossa ignorância. Carregamos simplesmente a<br />
matéria escura conosco como uma amiga estranha, invocando-a onde e