Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
constante cosmológica não zero implica uma transição desde seus primeiros<br />
anos, quando a energia escura mal importava, passando pelo período<br />
“presente”, quando Ω M e Ω Λ têm valores aproximadamente iguais, e<br />
continuando rumo a um futuro infinitamente longo, quando a matéria se<br />
espalhará tão difusamente pelo espaço que Ω M deverá perseguir um declive<br />
infinitamente longo em direção a zero, mesmo quando a soma dos dois ΩS<br />
continuar igual a 1.<br />
A dedução das observações sobre quanta massa existe nos aglomerados de<br />
galáxias confere agora a Ω M um valor de aproximadamente 0,25, enquanto<br />
as observações da CBR e das supernovas distantes indicam um valor perto de<br />
0,27. Dentro dos limites de precisão experimental, esses dois valores<br />
coincidem. Se o universo em que vivemos tem realmente uma constante<br />
cosmológica não zero, e se essa constante é responsável (junto com a<br />
matéria) pela produção do universo plano que o modelo inflacionário prevê,<br />
então a constante cosmológica deve ter um valor que torna Ω Λ igual a pouco<br />
mais que 0,7, duas vezes e meia o valor de Ω M . Em outras palavras, Ω Λ deve<br />
fazer a maior parte do trabalho para tornar (Ω M + Ω Λ ) igual a 1. Isso<br />
significa que já passamos pela era cósmica quando a matéria e a constante<br />
cosmológica contribuíam a mesma quantidade (para cada uma delas igual a<br />
0,5) para manter o achatamento do espaço.<br />
Em menos de uma década, a explosão dupla das supernovas Tipo Ia e da<br />
radiação cósmica de fundo mudou o status da energia escura, que passou de<br />
uma ideia bizarra com que Einstein brincara no passado para um fato<br />
cósmico da vida. A menos que uma legião de observações acabe provando<br />
que essa ideia é fruto de má interpretação, imprecisa ou simplesmente<br />
errada, devemos aceitar o resultado de que o universo jamais se contrairá ou<br />
reciclará. Em vez disso, o futuro parece sombrio: daqui a cem bilhões de anos,<br />
quando a maioria das estrelas terá se extinguido, tudo menos as galáxias mais<br />
próximas terá desaparecido pelo nosso horizonte de visibilidade.<br />
A essa altura a Via Láctea terá se ligado com suas vizinhas mais próximas,<br />
criando uma galáxia gigante literalmente no meio do nada. Nosso céu<br />
noturno conterá estrelas em órbita, (mortas e vivas) e nada mais, deixando<br />
aos futuros astrofísicos um universo cruel. Sem galáxias para rastrear a<br />
expansão cósmica, eles concluirão erroneamente, como fez Einstein, que<br />
vivemos num universo estático. A constante cosmológica e sua energia<br />
escura terão desenvolvido o universo até um ponto em que elas já não<br />
poderão ser medidas ou sequer sonhadas.<br />
Desfrutem a cosmologia enquanto ainda é possível.