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captando a catástrofe numa época especial? Apesar dos avanços em<br />
fotografia que produziram emulsões mais rápidas, capacitando os astrônomos<br />
a medir os espectros de nebulosas cada vez mais tênues, o êxodo continuava<br />
e essas perguntas permaneciam sem resposta.<br />
A maioria dos avanços em astronomia, como em outras ciências, tem sido<br />
impulsionada pela introdução de uma tecnologia melhor. Quando a década<br />
de 1920 se abriu, outro instrumento-chave apareceu em cena: o formidável<br />
Telescópio Hooker de 100 polegadas (254 centímetros) do Observatório<br />
Mount Wilson, perto de Pasadena, Califórnia. Em 1923, o astrônomo<br />
americano Edwin P. Hubble usou esse telescópio – o maior do mundo àquela<br />
época – para descobrir uma estirpe especial de estrela, uma estrela variável<br />
Cefeida, na nebulosa de Andrômeda. As estrelas variáveis de qualquer tipo<br />
variam de brilho segundo padrões bem conhecidos; as variáveis Cefeidas,<br />
denominadas em referência ao protótipo da classe, uma estrela na<br />
constelação de Cefeu, são todas extremamente luminosas e, portanto, visíveis<br />
por vastas distâncias. Como seu brilho varia em ciclos reconhecíveis, a<br />
paciência e a persistência apresentarão um número crescente dessas estrelas<br />
ao observador cuidadoso. Hubble tinha encontrado algumas dessas variáveis<br />
Cefeidas dentro da Via Láctea e estimado suas distâncias; mas, para seu<br />
espanto, a Cefeida que descobriu em Andrômeda era muito mais fraca que<br />
qualquer uma delas.<br />
A explicação mais provável para esse brilho indistinto era que a nova<br />
variável Cefeida, e a nebulosa de Andrômeda em que vive, está a uma<br />
distância muito maior que as Cefeidas da Via Láctea. Hubble compreendeu<br />
que isso colocava a nebulosa de Andrômeda a uma distância tão grande que<br />
ela não poderia estar entre as estrelas na constelação de Andrômeda, nem<br />
em nenhum ponto dentro da Via Láctea – e tampouco poderia ter sido<br />
chutada para fora, junto com todas as suas irmãs espirais, durante um<br />
derramamento de leite catastrófico.<br />
As implicações eram de tirar o fôlego. A descoberta de Hubble mostrou<br />
que as nebulosas espirais são sistemas inteiros de estrelas por seu próprio<br />
mérito, tão imensas e abarrotadas de estrelas como nossa Via Láctea. Na<br />
expressão do filósofo Immanuel Kant, Hubble tinha demonstrado que deve<br />
haver dúzias de “universos ilhas” fora de nosso próprio sistema estelar, pois o<br />
objeto em Andrômeda meramente liderava a lista de nebulosas espirais bem<br />
conhecidas. A nebulosa de Andrômeda era, de fato, a galáxia de Andrômeda.<br />
Em 1936, tantos universos ilhas tinham sido identificados e fotografados por<br />
meio do Hooker e outros telescópios grandes que Hubble também decidiu<br />
tentar um estudo de morfologia. Sua análise dos tipos de galáxia baseava-se<br />
no pressuposto não testado de que variações de uma forma para outra entre<br />
as galáxias significam passos evolutivos do nascimento à morte. Em seu livro<br />
de 1936, Realm of the Nebulae (Reino das nebulosas), Hubble classificou as<br />
galáxias colocando os diferentes tipos ao longo de um diagrama em forma de<br />
diapasão, chamado de diagrama de Hubble, cujo cabo representa as galáxias