You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
pausa sempre que se quiser, a uma colisão de duas galáxias, tirando<br />
instantâneos depois de 10 milhões de anos, 50 milhões de anos, 100 milhões<br />
de anos. A cada vez, as coisas parecem diferentes. E quando se entra no atlas<br />
de Arp – bingo! – aqui um primeiro estágio da colisão, e ali um estágio<br />
posterior. Aqui uma colisão de raspão, e ali uma colisão frontal.<br />
Embora as primeiras simulações de computador tenham sido realizadas<br />
no início da década de 1960 (e, embora durante a década de 1940, o<br />
astrônomo sueco Erik Holmberg tenha feito uma tentativa inteligente de<br />
recriar uma colisão de galáxias sobre o topo de uma mesa, usando a luz como<br />
um análogo da gravidade), foi somente em 1972 que Alar e Juri Toomre,<br />
dois irmãos que ensinam no MIT, geraram o primeiro retrato convincente de<br />
uma colisão “deliberadamente simplista” entre duas galáxias espirais. O<br />
modelo dos Toomre revelou que marés de forças – diferenças na gravidade<br />
de lugar para lugar – na verdade rasgam as galáxias em pedaços. À medida<br />
que uma galáxia se aproxima da outra, a força gravitacional torna-se<br />
rapidamente mais intensa nos bordos de ataque da colisão, ou seja, as bordas<br />
das galáxias que ficam mais próximas entre si, distendendo e deformando<br />
ambas as galáxias quando elas passam uma ao lado da outra ou uma através<br />
da outra. Essa distensão e deformação explica a maior parte do que é peculiar<br />
no atlas das galáxias peculiares feito por Arp.<br />
De que outra maneira as simulações de computador podem nos ajudar a<br />
compreender as galáxias? O diagrama de Hubble distingue as galáxias espirais<br />
“normais” das espirais que exibem uma densa barra de estrelas através de<br />
seus centros. As simulações mostram que essa barra poderia ser uma<br />
característica transitória, e não a marca distintiva de uma espécie diferente<br />
de galáxia. Os observadores contemporâneos das espirais barradas talvez<br />
estivessem simplesmente captando essas galáxias durante uma fase que vai<br />
desaparecer em mais ou menos 100 milhões de anos. Mas como não<br />
podemos permanecer por aqui o tempo suficiente para observar a barra<br />
desaparecer na vida real, temos de acompanhá-la indo e vindo num<br />
computador, onde um bilhão de anos podem se desenrolar em questão de<br />
minutos.<br />
As galáxias peculiares de Arp mostraram ser a ponta de um iceberg, um<br />
mundo estranho de “não exatamente galáxias”, cujas linhas gerais os<br />
astrônomos começaram a discernir durante a década de 1960 e passaram a<br />
compreender algumas décadas mais tarde. Antes de podermos apreciar esse<br />
emergente zoo galáctico, temos de retomar a história da evolução cósmica no<br />
ponto em que a deixamos. Devemos examinar a origem de todas as galáxias –<br />
normais, quase normais, irregulares, peculiares e estonteantemente exóticas<br />
– para ver como nasceram e como a sorte do acaso nos deixou em nossa<br />
localização relativamente calma no espaço, à deriva nos subúrbios de uma<br />
galáxia espiral gigante, a uns 30.000 anos-luz de seu centro e vinte milhares<br />
de anos-luz de sua beirada externa difusa. Graças à ordem geral das coisas<br />
numa galáxia espiral, imposta primeiro às nuvens de gás que mais tarde