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à densidade crítica, ou cair abaixo dela, o universo se expandirá para sempre.<br />
A igualdade exata dos valores reais e críticos da densidade ocorre num<br />
cosmos com curvatura zero, enquanto num universo negativamente<br />
curvado, a densidade real é menor que a densidade crítica.<br />
Em meados da década de 1990, os cosmólogos sabiam que, mesmo<br />
depois de incluir toda a matéria escura que tinham detectado (a partir de<br />
sua influência gravitacional sobre a matéria visível), a densidade total da<br />
matéria no universo só chegava a cerca de um quarto da densidade crítica.<br />
Esse resultado não parece espantoso, embora implique que o cosmos nunca<br />
vai deixar de se expandir, e que o espaço em que todos nós vivemos deve ser<br />
negativamente curvado. Mas isso feria cosmólogos de orientação teórica,<br />
porque eles tinham passado a acreditar que o espaço devia ter curvatura<br />
zero.<br />
Essa crença baseava-se no “modelo inflacionário” do universo, nomeado<br />
(sem surpresas) num tempo de índice de preços ao consumidor em<br />
exorbitante elevação. Em 1979, Alan Guth, um físico que trabalhava no<br />
Centro de Acelerador Linear Stanford, na Califórnia, levantou a hipótese de<br />
que, durante seus primeiros momentos, o cosmos se expandiu numa taxa<br />
incrivelmente rápida – tão rapidamente que diferentes porções de matéria<br />
aceleraram, afastando-se umas das outras, atingindo velocidades muito<br />
maiores que a velocidade da luz. Mas a teoria da relatividade especial de<br />
Eisntein não faz da velocidade da luz um limite universal de velocidade para<br />
todo e qualquer movimento? Não exatamente. O limite de Einstein se aplica<br />
somente a objetos que se movem dentro do espaço, e não à expansão do<br />
próprio espaço. Durante a “época inflacionária”, que durou apenas desde<br />
aproximadamente 10 -37 segundo até 10 -34 segundo depois do big bang, o<br />
cosmos se expandiu por um fator de aproximadamente 10 50 .<br />
O que produziu essa enorme expansão cósmica? Guth especulou que<br />
todo o espaço deve ter passado por uma “transição de fase”, algo análogo ao<br />
que acontece quando a água líquida congela rapidamente para formar gelo.<br />
Depois de alguns ajustes cruciais por seus colegas da União Soviética, Reino<br />
Unido e Estados Unidos, a ideia de Guth tornou-se tão atraente que tem<br />
dominado os modelos teóricos do universo extremamente primitivo por duas<br />
décadas.<br />
E o que torna a inflação uma teoria tão atraente? A era inflacionária<br />
explica por que o universo, em suas propriedades globais, parece o mesmo em<br />
todas as direções: tudo o que podemos ver (e bastante mais que isso) inflou a<br />
partir de uma única região minúscula do espaço, convertendo suas<br />
propriedades locais em universais. Outras vantagens, que não precisam nos<br />
deter aqui, contribuem para a teoria, ao menos para aqueles que criam<br />
universos modelos em suas mentes. Uma característica adicional merece<br />
ênfase, entretanto. O modelo inflacionário faz uma predição direta, testável:<br />
o espaço no universo deve ser plano, nem positivamente nem negativamente