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das superfícies esféricas positivamente curvadas, os espaços negativamente<br />
curvados estendem-se ao infinito, mesmo que não sejam planos. Uma<br />
superfície bidimensional negativamente curvada parece a superfície de uma<br />
sela infinitamente grande: ela se curva “para cima” numa direção (frente<br />
para trás) e “para baixo” na outra (lado a lado).<br />
Se a constante cosmológica é igual a zero, podemos descrever as propriedades<br />
globais do universo com apenas dois números. Um deles, chamado a<br />
constante de Hubble, mede a velocidade com que o universo está se<br />
expandindo agora. O outro mede a curvatura do espaço. Durante a segunda<br />
metade do século XX, quase todos os cosmólogos acreditavam que a<br />
constante cosmológica era zero, e consideravam que medir a velocidade de<br />
expansão cósmica e a curvatura do espaço era sua agenda primária de<br />
pesquisa.<br />
Esses dois números podem ser encontrados por medições acuradas das<br />
velocidades com que objetos localizados a diferentes distâncias estão<br />
recuando em relação a nós. A tendência global entre distância e velocidade –<br />
a taxa em que as velocidades de recessão das galáxias aumentam com a<br />
distância cada vez maior – produz a constante de Hubble, enquanto<br />
pequenos desvios dessa tendência geral, que só aparecem quando<br />
observamos os objetos mais distantes de nós, revelarão a curvatura do espaço.<br />
Sempre que os astrônomos observam objetos a muitos bilhões de anos-luz da<br />
Via Láctea, eles parecem tão distantes no tempo que os cientistas veem o<br />
cosmos não como é agora, mas como era quando significativamente menos<br />
tempo tinha se passado desde o big bang. Observações de galáxias localizadas<br />
a 5 bilhões de anos-luz, ou mais, da Via Láctea permitem que os cosmólogos<br />
reconstruam uma parte significativa da história do universo em expansão.<br />
Em particular, eles podem ver como a taxa da expansão mudou com o tempo<br />
– a chave para determinar a curvatura do espaço. Essa abordagem funciona,<br />
ao menos em princípio, porque a quantidade da curvatura do espaço induz<br />
diferenças sutis na taxa de mudança da expansão universal através dos<br />
bilhões de anos passados.<br />
Na prática, os astrofísicos continuaram incapazes de realizar esse<br />
programa, porque não conseguiam fazer estimativas suficientemente<br />
confiáveis das distâncias até os aglomerados de galáxias a muitos bilhões de<br />
anos-luz da Terra. Eles tinham outra bala na agulha, entretanto. Se<br />
conseguissem medir a densidade média de toda a matéria no universo – isto<br />
é, o número médio de gramas de material por centímetro cúbico do espaço –<br />
eles poderiam comparar esse número com a “densidade crítica”, um valor<br />
previsto pelas equações de Einstein que descrevem o universo em expansão.<br />
A densidade crítica especifica a densidade exata requerida por um universo<br />
com curvatura zero do espaço. Se a densidade real está acima desse valor, o<br />
universo tem curvatura positiva. Nesse caso, supondo que a constante<br />
cosmológica seja igual a zero, o cosmos vai finalmente parar de se expandir e<br />
começar a se contrair. Se, entretanto, a densidade real for exatamente igual