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Por fim, entretanto, os astrofísicos traçaram mapas ainda maiores, e<br />

descobriram sua apreciada homogeneidade e isotropia. Revela-se que os<br />

conteúdos de uma amostra de 300 milhões de anos-luz do universo<br />

lembram realmente outras amostras do mesmo tamanho, satisfazendo o<br />

critério estético há tanto tempo procurado para o cosmos. Mas, claro, em<br />

escalas menores, tudo se amontoa em distribuições de matéria nitidamente<br />

não homogêneas e não isotrópicas.<br />

Há três séculos, Isaac Newton considerou a questão de como a matéria<br />

adquiriu estrutura. Sua mente criativa adotou facilmente o conceito de um<br />

universo isotrópico e homogêneo, mas propôs de imediato um ponto que não<br />

ocorreria à maioria de nós: como se pode criar qualquer estrutura no<br />

universo, sem que toda a matéria do universo a ela se junte para criar uma<br />

massa gigantesca? Newton argumentava que, como não observamos tal<br />

massa, o universo deve ser infinito. Em 1692, escrevendo a Richard Bentley,<br />

o reitor de Trinity College, na Universidade de Cambridge, Newton propunha<br />

que<br />

se toda a matéria no universo estivesse espalhada uniformemente por<br />

todos os céus, e toda partícula tivesse uma gravidade inata em relação a<br />

todo o resto, e o espaço inteiro no qual essa matéria estivesse espalhada<br />

fosse tão somente finito, a matéria no exterior do espaço cairia, por sua<br />

gravidade, no meio de todo o espaço e ali comporia uma grande massa<br />

esférica. Mas se a matéria fosse disposta uniformemente por todo um<br />

espaço infinito, ela nunca poderia se reunir numa única massa, mas<br />

parte dela se reuniria numa massa e parte noutra, de modo a criar um<br />

número infinito de grandes massas, espalhadas a grandes distâncias<br />

umas das outras por todo aquele espaço infinito.<br />

Newton supunha que seu universo infinito devia ser estático, nem<br />

expandindo-se, nem contraindo-se. Dentro desse universo, os objetos eram<br />

“reunidos” por forças gravitacionais – a atração que todo objeto com massa<br />

exerce sobre todos os outros objetos. Sua conclusão sobre o papel central da<br />

gravidade na criação de estrutura permanece válido até hoje, ainda que os<br />

cosmólogos enfrentem uma tarefa mais assustadora que a de Newton. Longe<br />

de desfrutar os benefícios de um universo estático, devemos levar em conta<br />

o fato de que o universo tem sempre se expandido desde o big bang, opondose<br />

naturalmente a qualquer tendência de que a matéria se amontoe pela<br />

gravidade. O problema de superar a tendência contra reunir a matéria<br />

ditada pela expansão cósmica torna-se mais sério, quando consideramos que<br />

o cosmos se expandiu muito rapidamente logo depois do big bang, a era<br />

quando as estruturas primeiro começaram a se formar. À primeira vista, não<br />

poderíamos contar com a gravidade para formar objetos massivos a partir de<br />

gás difuso, não mais do que poderíamos usar uma pá para mover pulgas<br />

através de um quintal. Entretanto, de algum modo a gravidade realizou o<br />

truque.

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