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perceptivelmente nas distâncias que lhe são mais próximas. Os planetas<br />
tendem a rolar para essa depressão, mas sua inércia os impede de cair<br />
totalmente até o fundo. Em vez disso, eles se movem em órbitas ao redor do<br />
Sol que os mantém a uma distância quase constante em relação à depressão<br />
no espaço. No período de algumas semanas depois que Einstein publicou sua<br />
teoria, o físico Karl Schwarzschild, distraindo-se dos horrores da vida no<br />
exército alemão (que lhe causaram uma doença fatal pouco depois), usou o<br />
conceito de Einstein para demonstrar que um objeto com uma gravidade<br />
suficientemente forte vai criar uma “singularidade” no espaço. Nessa<br />
singularidade, o espaço se curva completamente ao redor do objeto e impede<br />
qualquer coisa, inclusive a luz, de sair de sua vizinhança imediata. Agora<br />
chamamos esses objetos de buracos negros.<br />
A teoria da relatividade geral de Einstein o levou à equação-chave que<br />
andara buscando, a equação que liga os conteúdos do espaço a seu<br />
comportamento global. Ao estudar essa equação na privacidade de seu<br />
escritório, criando modelos do cosmos em sua mente, Einstein quase<br />
descobriu o universo em expansão, uma dúzia de anos antes que as<br />
observações de Edwin Hubble o revelassem.<br />
A equação básica de Einstein prediz que, num universo em que a matéria<br />
tem uma distribuição aproximadamente uniforme, o espaço não pode ser<br />
“estático”. O cosmos não pode apenas “estar ali”, como nossa intuição insiste<br />
que seria seu papel, e como todas as observações astronômicas até aquela<br />
época sugeriam. Em vez disso, a totalidade do espaço deve estar sempre se<br />
expandindo ou contraindo: o espaço deve se comportar um pouco como a<br />
superfície de um balão que se enche ou esvazia, mas nunca como a<br />
superfície de um balão de tamanho constante.<br />
Isso preocupava Einstein. Pela primeira vez, esse teórico ousado, que<br />
desconfiava da autoridade e nunca hesitara em se opor a ideias<br />
convencionais da física, sentia que tinha ido longe demais. Nenhuma<br />
observação astronômica sugeria um universo em expansão, porque os<br />
astrônomos tinham apenas documentado os movimentos de estrelas<br />
próximas e ainda não haviam determinado as distâncias longínquas até o que<br />
agora chamamos de galáxias. Em vez de anunciar ao mundo que o universo<br />
devia estar se expandindo ou contraindo, Einstein retornou à sua equação,<br />
procurando um modo de imobilizar o cosmos.<br />
Logo encontrou essa maneira. A equação básica de Einstein levava em<br />
consideração um termo com um valor constante mas desconhecido, que<br />
representa a quantidade de energia contida em cada centímetro cúbico do<br />
espaço vazio. Como nada sugeria que esse termo constante deveria ter um ou<br />
outro valor qualquer, Einstein lhe havia dado, em sua primeira etapa, um<br />
valor igual a zero. Einstein publicou então um artigo científico para<br />
demonstrar que se esse termo constante, a que os cosmólogos deram mais<br />
tarde o nome de “constante cosmológica”, tivesse um determinado valor, o<br />
espaço poderia ser estático. Nesse caso, a teoria já não entraria em conflito<br />
com as observações do universo, e Einstein poderia considerar sua equação