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como válida.<br />
A solução de Einstein se deparou com graves dificuldades. Em 1922, um<br />
matemático russo chamado Alexander Friedmann provou que o universo<br />
estático de Einstein deveria ser instável, como um lápis equilibrado sobre sua<br />
ponta. A menor ondulação ou perturbação faria com que o espaço se<br />
expandisse ou contraísse. Einstein primeiro proclamou que Friedmann estava<br />
equivocado, mas depois, num ato generoso típico de sua personalidade,<br />
publicou um artigo retirando aquela afirmação e reconhecendo que<br />
Friedmann estava afinal correto. Quando terminou a década de 1920,<br />
Einstein teve o prazer de ficar sabendo que Hubble descobrira que o universo<br />
está se expandindo. Segundo as recordações de George Gamow, Einstein<br />
declarou que a constante cosmológica tinha sido sua “maior burrada”.<br />
Exceto por alguns cosmólogos que continuaram a invocar uma constante<br />
cosmológica não zero (com um valor diferente do que Eisntein tinha usado)<br />
para explicar certas observações enigmáticas, a maioria das quais provou-se<br />
mais tarde ser incorreta, os cientistas de todo o mundo suspiraram de alívio<br />
pelo fato de o espaço mostrar que não tinha necessidade dessa constante.<br />
Ou assim eles pensavam. A grande história cosmológica do final do século<br />
XX, a surpresa que virou o mundo da cosmologia de cabeça para baixo, de um<br />
lado, e mudou sua atitude, de outro, reside na descoberta espantosa,<br />
anunciada pela primeira vez em 1998, de que o universo possui realmente<br />
uma constante cosmológica não zero. O espaço vazio contém na verdade<br />
energia, chamada “energia escura”, e possui características altamente<br />
inusitadas que determinam o futuro de todo o universo.<br />
Para compreender, e possivelmente até para acreditar, essas afirmações<br />
dramáticas, devemos seguir os temas cruciais no pensamento dos cosmólogos<br />
durante os setenta anos após a descoberta de Hubble, de que o universo está<br />
em expansão. A equação fundamental de Einstein leva em conta a<br />
possibilidade de que o espaço é capaz de ter curvatura, descrita<br />
matematicamente como positiva, zero ou negativa. A curvatura zero<br />
descreve o “espaço plano”, a espécie que nossas mentes insistem em<br />
considerar como a única possibilidade, que se estende ao infinito em todas as<br />
direções, como a superfície de um quadro-negro infinito. Em contraste, um<br />
espaço positivamente curvado corresponde, em analogia, à superfície de uma<br />
esfera, um espaço bidimensional cuja curvatura podemos ver usando a<br />
terceira dimensão. É de notar que o centro da esfera, o ponto que parece<br />
permanecer estacionário, enquanto sua superfície bidimensional se expande<br />
ou contrai, reside nessa terceira dimensão e não aparece em nenhum lugar<br />
sobre a superfície que representa o espaço inteiro.<br />
Assim como todas as superfícies positivamente curvadas incluem apenas<br />
uma quantidade finita de área, todos os espaços positivamente curvados<br />
contêm apenas uma quantidade finita de volume. Um cosmos positivamente<br />
curvado tem a propriedade de que, se viajarmos para fora da Terra por um<br />
tempo suficientemente longo, acabaremos retornando ao nosso ponto de<br />
origem, assim como Magalhães circum-navegando nosso globo. Ao contrário