You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
CAPÍTULO 8<br />
A origem da estrutura<br />
Quando examinamos a história da matéria no universo, retrocedendo 14<br />
bilhões de anos da melhor forma possível, encontramos rapidamente uma<br />
tendência singular que clama por explicação. Por todo o cosmos, a matéria<br />
tem se organizado consistentemente em estruturas. De sua distribuição<br />
quase perfeitamente uniforme logo depois do big bang, a matéria tem se<br />
amontoado em todas as escalas de tamanho para produzir aglomerados<br />
gigantes e superaglomerados de galáxias, bem como as galáxias individuais<br />
dentro desses aglomerados, as estrelas que se congregam aos bilhões em toda<br />
galáxia, e bem possivelmente objetos muito menores – planetas, seus satélites,<br />
asteroides e cometas – que orbitam muitas, senão a maioria, dessas estrelas.<br />
Para compreender a origem dos objetos que agora compõem o universo<br />
visível, devemos focar os mecanismos que transformaram a matéria outrora<br />
difusa do universo em componentes altamente estruturados. Uma completa<br />
descrição de como as estruturas surgiram no cosmos requer que misturemos<br />
dois aspectos da realidade cuja combinação ora nos escapa. Como visto em<br />
capítulos anteriores, devemos perceber como a mecânica quântica, que<br />
descreve o comportamento de moléculas, átomos e partículas que os formam,<br />
se ajusta à teoria da relatividade geral, que descreve como quantidades<br />
extremamente grandes de matéria e espaço afetam umas às outras.<br />
As tentativas de criar uma única teoria que uniria nosso conhecimento<br />
do subatomicamente pequeno e do astronomicamente grande começaram<br />
com Albert Einstein. Têm continuado, relativamente com pouco sucesso, até<br />
o tempo presente e vão persistir num futuro incerto até atingirem a “grande<br />
unificação”. Entre todos os desconhecidos que os incomodam, os cosmólogos<br />
modernos sentem de forma muito aguda a falta de uma teoria que una<br />
triunfantemente a mecânica quântica à relatividade geral. Enquanto isso,<br />
esses ramos aparentemente imiscíveis da física – a ciência do pequeno e a<br />
ciência do grande – não dão a mínima para nossa ignorância; em vez disso,<br />
coexistem com extraordinário sucesso dentro do mesmo universo, zombando<br />
de nossas tentativas de compreendê-los como um todo coerente. Uma<br />
galáxia com 100 bilhões de estrelas não dá aparentemente muita atenção à<br />
física dos átomos e moléculas que compõem seus sistemas de estrelas e<br />
nuvens de gás. Tampouco o fazem as ainda maiores aglomerações de matéria<br />
que chamamos de aglomerados e superaglomerados de galáxias, eles próprios<br />
contendo centenas, às vezes milhares de galáxias. Mas mesmo essas enormes<br />
estruturas no universo devem sua existência a flutuações quânticas<br />
imensuravelmente pequenas dentro do cosmos primevo. Para compreender<br />
como surgiram essas estruturas, devemos fazer todo o esforço possível em<br />
nosso presente estado de ignorância, passando dos minúsculos domínios