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Durante a década de 1990, duas equipes de astrônomos, uma nos<br />
Estados Unidos e a outra centrada na Suíça, dedicaram-se a aumentar a<br />
precisão com que podiam medir os efeitos Doppler da luz estelar.<br />
Empenharam-se nesse projeto, não só porque os cientistas sempre preferem<br />
fazer medições mais precisas, mas porque tinham uma meta determinada:<br />
detectar a existência de planetas pelo estudo da luz vinda das estrelas.<br />
Por que essa volta toda para falar da detecção de planetas extrassolares?<br />
Porque por ora esse método oferece a única maneira efetiva de descobri-los.<br />
Se nosso sistema solar fornece algum guia para as distâncias em que os<br />
planetas orbitam as estrelas, devemos concluir que essas distâncias chegam<br />
apenas a uma diminuta fração das distâncias entre as estrelas. As estrelas<br />
vizinhas mais próximas do Sol estão cerca de meio milhão de vezes mais<br />
longe de nós que a distância entre o Sol e seu planeta mais interno, Mercúrio.<br />
Até a distância entre Plutão e o Sol é menor que um cinco mil avos da<br />
distância até a Alpha Centauri, nosso sistema estelar mais próximo. Essas<br />
separações astronomicamente minúsculas entre as estrelas e seus planetas,<br />
combinadas com a tenuidade com que um planeta reflete a luz vinda de sua<br />
estrela, tornam quase impossível que vejamos realmente quaisquer planetas<br />
além do sistema solar. Imagine, por exemplo, um astrofísico num planeta ao<br />
redor de uma das estrelas da Alpha Centauri que vira seu telescópio para o<br />
Sol e tenta detectar Júpiter, o maior planeta do Sol. A distância Sol-Júpiter<br />
chega a apenas um cinquenta mil avos da distância para o Sol, e Júpiter<br />
brilha com apenas um bilionésimo da intensidade do Sol. Os astrofísicos<br />
gostam de comparar essa situação ao problema de ver um vaga-lume perto do<br />
clarão de um holofote. Podemos conseguir algum dia, mas por ora a busca<br />
para observar diretamente os planetas extrassolares está além de nossas<br />
capacidades tecnológicas. [1]<br />
O efeito Doppler oferece outra abordagem. Se estudamos a estrela com<br />
atenção, podemos medir cuidadosamente quaisquer mudanças que<br />
apareçam no efeito Doppler da luz que nos chega da estrela. Essas alterações<br />
devem surgir de mudanças na velocidade com que a estrela está se<br />
aproximando ou se afastando de nós. Se as mudanças se revelam cíclicas –<br />
isto é, se suas quantidades se elevam a um máximo, caem a um mínimo,<br />
elevam-se ao mesmo máximo de novo, e repetem esse ciclo nos mesmos<br />
intervalos de tempo – segue-se a conclusão inteiramente razoável de que a<br />
estrela deve estar se movendo numa órbita que a leva várias vezes ao redor<br />
de algum ponto no espaço.<br />
O que poderia fazer uma estrela dançar dessa maneira? Apenas a força<br />
gravitacional de outro objeto, pelo que sabemos. Sem dúvida que os planetas,<br />
por definição, têm massas muito menores que a massa de uma estrela, por<br />
isso exercem apenas quantidades modestas de força gravitacional. Quando<br />
puxam para si uma estrela próxima que possui muito mais massa que eles,<br />
esses planetas produzem apenas pequenas mudanças na velocidade da<br />
estrela. Júpiter, por exemplo, muda a velocidade do Sol em cerca de 40 pés<br />
(12,2 metros) por segundo, um pouquinho mais que o desempenho de um