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abarrotados de organismos que flutuam, comem, se encontram e se<br />

reproduzem.<br />

Ora, durante a primeira década do século XXI, a exploração finalmente<br />

substituiu a especulação. A missão Cassini-Huygens para Saturno, uma<br />

colaboração da NASA com a Agência Espacial Europeia (ESA), partiu da Terra<br />

em outubro de 1997. Quase sete anos depois, tendo recebido empurrões<br />

gravitacionais de Vênus (duas vezes), da Terra (uma vez) e de Júpiter (uma<br />

vez), a espaçonave chegou ao sistema de Saturno, onde disparou seus<br />

foguetes para realizar uma órbita ao redor do planeta rodeado de anéis.<br />

Os cientistas que projetaram a missão providenciaram que a sonda<br />

Huygens se desprendesse da espaçonave Cassini no final de 2004, para<br />

realizar a primeira descida através das nuvens opacas do satélite Titã e<br />

chegar até a superfície da lua, usando um escudo térmico para evitar o<br />

incêndio por atrito na rápida passagem pela atmosfera superior e uma série<br />

de paraquedas para desacelerar o deslocamento da sonda na atmosfera<br />

inferior. Seis instrumentos a bordo da sonda Huygens foram construídos para<br />

medir a temperatura, a densidade e a composição química da atmosfera de<br />

Titã, e para enviar imagens à Terra via a espaçonave Cassini. A essa altura, só<br />

podemos aguardar esses dados e imagens para ver o que eles nos dizem sobre<br />

o enigma que existe abaixo das nuvens de Titã. [1] É improvável que vejamos<br />

a própria vida, se é que existe alguma forma de vida nessa lua remota, mas<br />

podemos esperar determinar se as condições favorecem ou não a existência<br />

da vida, apresentando poças e lagoas líquidas em que a vida poderia se<br />

originar e florescer. No mínimo, podemos esperar aprender o arranjo de<br />

diferentes tipos de moléculas que existem em cima e perto da superfície de<br />

Titã, o que talvez lance nova luz sobre como os precursores da vida surgiram<br />

sobre a Terra e em todo o sistema solar.<br />

Se nós achamos a água necessária para a vida, devemos nos restringir aos<br />

planetas e suas luas, em cujas superfícies sólidas a água pode se acumular em<br />

razoável quantidade? Absolutamente. As moléculas de água, junto com<br />

vários outros elementos químicos caseiros como a amônia, o metano e o álcool<br />

etílico, aparecem rotineiramente nas frias nuvens de gás interestelares. Em<br />

condições especiais de baixa temperatura e alta densidade, um conjunto de<br />

moléculas de água pode ser induzido a transformar e canalizar a energia de<br />

uma estrela próxima num raio de micro-ondas amplificado e de alta<br />

intensidade. A física atômica desse fenômeno se parece com o que um laser<br />

faz com a luz visível. Mas nesse caso a sigla relevante é maser, para microwave<br />

amplification by the stimulated emission of radiation (amplificação de microonda<br />

pela emissão estimulada de radiação). Não só a água ocorre<br />

praticamente por toda parte na galáxia, como também pode emitir raios de<br />

vez em quando. O grande problema enfrentado pela pretensa vida nas<br />

nuvens interestelares não surge de uma falta de matérias-primas, mas das<br />

densidades extremamente baixas da matéria, o que reduz em muito a taxa<br />

com que as partículas colidem e interagem. Se a vida levou milhões de anos

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