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mais aparente. Embora não se possa obter com facilidade números<br />
comprovados, em anos recentes dezenas de milhares de pessoas passaram<br />
aparentemente a acreditar que foram conduzidos a bordo de uma<br />
espaçonave alienígena e submetidos a exames, com frequência da mais<br />
humilhante variedade. De uma perspectiva calma, dar uma declaração<br />
dessas é o suficiente para refutá-la como realidade. A aplicação direta do<br />
princípio da lâmina de Occam, que exige a explicação mais simples que se<br />
ajuste aos fatos alegados, leva à conclusão de que essas abduções foram<br />
imaginadas, e não experimentadas. Como quase todas as narrativas colocam<br />
a abdução bem dentro da noite, e a maioria no meio do sono, a explicação<br />
mais provável envolve o estado hipnagógico, a fronteira entre o sono e o<br />
estado acordado. Para muitas pessoas, esse estado traz alucinações visuais e<br />
auditivas, e às vezes um “sonho acordado”, no qual a pessoa se sente<br />
consciente, mas incapaz de se mover. Esses efeitos passam através dos filtros<br />
de nossos cérebros para produzir memórias aparentemente reais, capazes de<br />
despertar uma crença inabalável em sua certeza.<br />
Compare-se essa explicação das abduções por ufo com uma alternativa, a<br />
de que visitantes extraterrestres escolheram a Terra e chegaram em números<br />
suficientes para abduzir humanos aos milhares, embora apenas por breve<br />
tempo, e aparentemente para examiná-los de mais perto (mas eles já não<br />
aprenderam há muito tempo o que quer que desejavam saber – e não podiam<br />
abduzir cadáveres para aprender a anatomia humana em detalhes?).<br />
Algumas histórias sugerem que os alienígenas extraem algumas substâncias<br />
úteis de seus abduzidos, ou implantam suas sementes nas vítimas femininas,<br />
ou alteram os padrões mentais das vítimas para evitar que sejam descobertos<br />
mais tarde (mas, nesse caso, eles não poderiam eliminar totalmente as<br />
memórias da abdução?). Essas afirmações não podem ser descartadas<br />
categoricamente, assim como não podemos também excluir a possibilidade<br />
de que visitantes alienígenas escreveram essas palavras, tentando incutir nos<br />
leitores humanos uma falsa sensação de segurança, que contribuirá para os<br />
planos alienígenas de dominação mundial ou cósmica. Em vez disso,<br />
baseados em nossa capacidade de analisar racionalmente as situações e de<br />
discriminar entre explicações mais ou menos prováveis, podemos atribuir<br />
uma probabilidade extremamente baixa à hipótese da abdução.<br />
Uma conclusão parece incontestável tanto pelos céticos quanto pelos que<br />
acreditam nos ufos. Se as sociedades extraterrestres visitam realmente a<br />
Terra, elas devem saber que criamos capacidades globais para disseminar<br />
informações e diversões, ainda que não para distinguir umas da outras. Dizer<br />
que essas facilidades estariam disponíveis a quaisquer visitantes alienígenas<br />
que desejassem usá-las equivale a minimizar grosseiramente os fatos. Eles<br />
receberiam permissão imediata (pensando bem, eles talvez nem precisassem<br />
dela) e poderiam tornar sua presença perceptível num minuto – se assim<br />
quisessem. A ausência de extraterrestres visíveis nas telas de nossa televisão<br />
confirma sua ausência na Terra ou sua relutância em se revelar diante de<br />
nossos olhos – o problema da “timidez”. A segunda explicação propõe um