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fundamental: como é que a natureza faz a poeira coagular para formar<br />
torrões de matéria com muitos milhares de quilômetros de extensão?<br />
A resposta tem duas partes, uma conhecida e uma desconhecida, e a<br />
parte desconhecida, como era de esperar, está mais próxima da origem.<br />
Quando se formam objetos com meia milha (800 metros) de extensão, que<br />
os astrônomos chamam de planetesimais, cada um deles terá uma gravidade<br />
suficientemente forte para atrair outros objetos com sucesso. As forças<br />
gravitacionais mútuas entre os planetesimais construirão primeiro núcleos<br />
planetários e depois planetas num ritmo enérgico, de modo que alguns<br />
milhões de anos transformarão uma legião de torrões, cada um do tamanho<br />
de uma pequena cidade, em mundos novos inteiros, maduros para adquirir<br />
uma capa fina de gases atmosféricos (no caso de Vênus, Terra e Marte) ou<br />
um revestimento imensamente grosso de hidrogênio e hélio (no caso dos<br />
quatro planetas gigantes gasosos, que orbitam o Sol a distâncias<br />
suficientemente grandes para que acumulem enormes quantidades desses<br />
dois gases mais leves). Para os astrofísicos, a transição de planetesimais com<br />
meia milha (800 metros) de largura para planetas se reduz a uma série de<br />
modelos de computador bem compreendidos que apresentam uma ampla<br />
variedade de detalhes planetários, mas quase sempre produzem planetas<br />
internos que são pequenos, rochosos e densos, bem como planetas externos<br />
que são grandes e (à exceção de seus núcleos) gasosos e rarefeitos. Durante<br />
esse processo, muitos dos planetesimais, bem como alguns dos objetos maiores<br />
que eles criam, veem-se arremessados inteiramente para fora do sistema solar<br />
por interações gravitacionais com objetos ainda maiores.<br />
Tudo isso funciona bastante bem num computador, mas construir os<br />
planetesimais com meia milha (800 metros) de largura foge, antes de mais<br />
nada, à presente capacidade até de nossos melhores astrofísicos para integrar<br />
seu conhecimento de física com seus programas de computador. A gravidade<br />
não consegue fazer planetesimais, porque as modestas forças gravitacionais<br />
entre pequenos objetos não os manterão efetivamente unidos. Existem duas<br />
possibilidades teóricas para criar planetesimais a partir de poeira, mas<br />
nenhuma delas é altamente satisfatória. Um modelo propõe a formação de<br />
planetesimais por meio de acreção, o que ocorre quando partículas de poeira<br />
colidem e grudam umas nas outras. A acreção funciona bem em princípio,<br />
porque a maioria das partículas de poeira grudam realmente umas nas outras,<br />
quando se encontram. Isso explica a origem ds chumaços de poeira embaixo<br />
do sofá, e se imaginamos um cotão gigante crescendo ao redor do Sol,<br />
podemos – apenas com um mínimo de esforço mental – deixá-lo crescer para<br />
se tornar do tamanho da cadeira, do tamanho da casa, do tamanho do bloco,<br />
e, em pouco tempo, do tamanho de planetesimais, prontos para a ação<br />
gravitacional séria.<br />
Infelizmente, ao contrário da produção do cotão real, o crescimento do<br />
cotão dos planetesimais parece requerer demasiado tempo. A datação<br />
radioativa de núcleos instáveis detectados nos meteoritos mais antigos<br />
sugere que a formação do sistema solar requereu não mais que algumas