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claro pelo qual se passe dos tijolos para as criaturas vivas. Ainda assim, com<br />

sua ênfase na origem da vida em altas temperaturas, ele pode vir a estar na<br />

pista correta, como firmemente acredita. Referindo-se à estrutura altamente<br />

ordenada dos cristais de pirita de ferro, em cujas superfícies as primeiras<br />

moléculas complexas para a vida poderiam ter se formado, Wächtershäuser<br />

tem confrontado seus críticos em conferências científicas com a afirmação<br />

extraordinária de que “Alguns dizem que a origem da vida cria ordem a<br />

partir do caos – mas eu digo, ‘ordem a partir da ordem a partir da ordem!’”.<br />

Pronunciada com brio alemão, essa declaração adquire uma certa<br />

ressonância, embora só o tempo possa dizer qual seria seu possível grau de<br />

acerto.<br />

Assim, que modelo básico para a origem da vida tem mais probabilidade<br />

de se mostrar correto – as lagunas das marés na beira do oceano, ou os<br />

respiradouros superaquecidos nos leitos do oceano? Por ora, as apostas estão<br />

empatadas. Alguns especialistas em origem da vida têm questionado a<br />

afirmação de que as formas mais antigas da vida viveram em altas<br />

temperaturas, porque os presentes métodos para colocar os organismos em<br />

diferentes pontos ao longo dos ramos da árvore da vida continuam tema para<br />

debate. Além disso, os programas de computador que delineiam quantos<br />

compostos de tipos diferentes existiam em antigas moléculas RNA, as primas<br />

próximas do DNA que aparentemente precederam o DNA na história da vida,<br />

sugerem que os compostos beneficiados pelas altas temperaturas só<br />

apareceram depois de a vida ter passado por uma história de temperatura<br />

relativamente baixa.<br />

Assim o resultado de nossas melhores pesquisas, como acontece<br />

frequentemente em ciência, se mostra perturbador para aqueles que buscam<br />

certezas. Embora possamos afirmar aproximadamente quando a vida<br />

começou sobre a Terra, não sabemos onde ou como ocorreu esse evento<br />

maravilhoso. Recentemente, os paleobiólogos deram ao ancestral elusivo de<br />

toda a vida terrestre o nome de LUCA, a sigla em inglês para o último<br />

ancestral comum universal. (Vejam com que firmeza as mentes desses<br />

cientistas continuaram fixadas em nosso planeta: deveriam chamar o<br />

progenitor da vida LECA, a sigla em inglês para o último ancestral comum<br />

terrestre.) Por ora, nomear esse ancestral – um conjunto de organismos<br />

primitivos que partilhavam os mesmos genes – sublinha principalmente a<br />

distância que ainda temos de percorrer antes de podermos abrir o véu que se<br />

interpõe entre a origem da vida e nossa compreensão.<br />

Bem mais do que uma curiosidade natural quanto a nossos primórdios<br />

depende da resolução dessa questão. Diferentes origens para a vida implicam<br />

possibilidades diferentes para sua origem, evolução e sobrevivência, tanto<br />

aqui como em qualquer outro lugar no cosmos. Por exemplo, os leitos dos<br />

oceanos da Terra talvez propiciem o ecossistema mais estável de nosso<br />

planeta. Se um asteroide colossal batesse na Terra e extinguisse toda a vida<br />

da superfície, os extremófilos oceânicos continuariam quase certamente

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