17.12.2015 Views

ApIqCL

ApIqCL

ApIqCL

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

isotropia na distribuição da matéria no espaço, os cosmólogos passaram a<br />

acreditar nessa pressuposição a ponto de estabelecê-la como um princípio<br />

cosmológico fundamental. Poderíamos também chamá-lo princípio da<br />

mediocridade: por que uma parte do universo deveria ser mais interessante<br />

que a outra? Nas menores escalas de tamanho e distância, reconhecemos<br />

facilmente que essa afirmação é falsa. Vivemos num planeta sólido com uma<br />

densidade de matéria média perto de 5,5 gramas por centímetro cúbico (em<br />

americanês, isso é cerca de 340 libras por pé cúbico). O nosso Sol, uma estrela<br />

típica, tem uma densidade média de aproximadamente 1,4 gramas por<br />

centímetro cúbico. Entretanto, os espaços interplanetários entre os dois têm<br />

uma densidade média significativamente menor – menor por um fator de<br />

aproximadamente 1 sextilhão. O espaço intergaláctico, que responde pela<br />

maior parte do volume do universo, contém menos de um átomo em cada<br />

dez metros cúbicos. Aqui a densidade média cai abaixo da densidade do<br />

espaço interplanetário por outro fator de 1 bilhão – o bastante para deixar a<br />

mente satisfeita com a acusação ocasional de ser densa.<br />

Quando expandiram seus horizontes, os astrofísicos viram claramente<br />

que uma galáxia como a nossa Via Láctea consiste em estrelas que flutuam<br />

através do espaço interestelar quase vazio. Da mesma forma, as galáxias se<br />

agrupam em aglomerados que violam a pressuposição de homogeneidade e<br />

isotropia. Restava a esperança, entretanto, de que, ao mapearem a matéria<br />

visível nas maiores escalas, os astrofísicos descobrissem que os aglomerados de<br />

galáxias têm uma distribuição homogênea e isotrópica. Para que a<br />

homogeneidade e a isotropia existam dentro de uma determinada região do<br />

espaço, ela deve ser grande o suficiente para que nenhuma estrutura (ou<br />

falta de estrutura) resida singularmente dentro dela. Se você toma uma<br />

amostra dessa região, os requisitos de homogeneidade e isotropia implicam<br />

que as propriedades globais da região devem ser semelhantes, sob todos os<br />

aspectos, às propriedades médias de qualquer outra amostra com o mesmo<br />

tamanho tirada da região. Que embaraçoso seria se a metade esquerda do<br />

universo parecesse diferente de sua metade direita.<br />

De que tamanho deve ser a região examinada para se encontrar um<br />

universo homogêneo e isotrópico? O nosso planeta Terra tem um diâmetro<br />

de 0,04 segundos-luz. A órbita de Netuno abrange 8 horas-luz. As estrelas<br />

da galáxia da Via Láctea delineiam um disco largo e chato com um diâmetro<br />

de aproximadamente 100.000 anos-luz. E o superaglomerado de galáxias de<br />

Virgem, ao qual pertence a Via Láctea, estende-se uns 60 milhões de anosluz.<br />

Assim, o volume cobiçado que pode nos dar homogeneidade e isotropia<br />

deve ser maior que o superaglomerado de Virgem. Quando fizeram<br />

levantamentos da distribuição das galáxias no espaço, os astrofísicos<br />

descobriram que mesmo nessas escalas de tamanho, tão grandes quanto 100<br />

milhões de anos-luz, o cosmos revela lacunas enormes, comparativamente<br />

vazias, limitadas por galáxias que têm se arranjado em lâminas e filamentos<br />

que se cruzam. Longe de lembrar um formigueiro fervilhante e homogêneo,<br />

a distribuição das galáxias nessa escala lembra uma bucha ou esponja vegetal.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!