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Vênus, Terra e Marte juntos propiciam uma narrativa instrutiva sobre as<br />
ciladas e as recompensas de focar a água (ou possivelmente outros solventes)<br />
como a chave para a vida. Quando consideravam onde poderiam encontrar<br />
água líquida, os astrônomos originalmente se concentravam em planetas que<br />
orbitam a distâncias adequadas de suas estrelas hospedeiras para manter a<br />
água em sua forma líquida – nem demasiadamente perto, nem<br />
demasiadamente longe. Assim começamos com o conto infantil de<br />
Cachinhos de Ouro.<br />
Era uma vez no passado – há mais de 4 bilhões de anos – quando a<br />
formação do sistema solar estava quase completa. Vênus tinha se formado<br />
suficientemente perto do Sol para que a intensa energia solar evaporasse o<br />
que poderia ter sido seu suprimento de água. Marte se formou tão longe que<br />
seu suprimento de água se tornou congelado para sempre. Apenas um<br />
planeta, a Terra, tinha uma distância “perfeita” para que a água<br />
permanecesse líquida, e sua superfície se tornasse, portanto, um refúgio para<br />
a vida. Essa região ao redor do Sol, onde a água é capaz de permanecer<br />
líquida, veio a ser conhecida como a zona habitável.<br />
Cachinhos de Ouro também gostava das coisas “perfeitas”. Uma das<br />
tigelas de mingau na casa dos Três Ursos estava quente demais. A outra<br />
estava fria demais. A terceira estava perfeita, por isso ela comeu o mingau. No<br />
andar de cima, uma cama era dura demais. A outra era mole demais. A<br />
terceira era perfeita, por isso Cachinhos de Ouro dormiu nela. Quando<br />
vieram para casa, os Três Ursos não só descobriram que faltava o mingau de<br />
uma tigela, mas também que Cachinhos de Ouro estava profundamente<br />
adormecida na cama deles. (Não lembramos como a história termina, mas<br />
continua um mistério para nós por que os Três Ursos – onívoros e ocupando o<br />
topo da cadeia alimentar – não devoraram Cachinhos de Ouro.)<br />
A relativa habitabilidade de Vênus, Terra e Marte intrigaria Cachinhos de<br />
Ouro, embora a história real desses planetas seja bem mais complicada que<br />
três tigelas de mingau. Há quatro bilhões de anos, cometas ricos em água e<br />
asteroides ricos em minerais, sobras da formação do sistema solar, ainda<br />
estavam golpeando as superfícies planetárias, embora numa taxa muito mais<br />
baixa que antes. Durante esse jogo de bilhar cósmico, alguns planetas tinham<br />
migrado para dentro das órbitas onde se formaram, enquanto outros foram<br />
chutados para órbitas maiores. E entre as dúzias de planetas que tinham se<br />
formado, alguns se moveram em órbitas instáveis e colidiram com o Sol ou<br />
Júpiter. Outros foram totalmente ejetados para fora do sistema solar. No<br />
final, os poucos planetas que permaneceram tinham órbitas “perfeitas” para<br />
sobreviver bilhões de anos.<br />
A Terra se acomodou numa órbita a uma distância média de 93 milhões<br />
de milhas (150 milhões de quilômetros) do Sol. A essa distância, a Terra<br />
intercepta um miserável um dois bilionésimo da energia total irradiada pelo<br />
Sol. Se pressupormos que a Terra absorve toda a energia recebida do Sol, a<br />
temperatura média de nosso planeta natal deverá ser aproximadamente 280<br />
graus Kelvin (45 o F [7,2 o Celsius]), isto é, a meio caminho entre as