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primeiros homens brancos a percebê-las, marinheiros na circum-navegação<br />

da Terra feita por Fernão de Magalhães, em 1520, pensaram primeiro que<br />

estavam vendo tufos de nuvens no céu. Essa honra coube à expedição de<br />

Magalhães, porque as Nuvens de Magalhães estão tão perto do polo celeste<br />

sul (o ponto diretamente acima do polo Sul da Terra) que nunca se elevam<br />

acima do horizonte para os observadores nas latitudes mais povoadas do<br />

Norte, incluindo as da Europa e grande parte dos Estados Unidos. Cada uma<br />

das Nuvens de Magalhães contém muitos bilhões de estrelas, embora não as<br />

centenas de bilhões que caracterizam a Via Láctea e outras grandes galáxias,<br />

e exibem imensas regiões de formação de estrelas, muito notavelmente a<br />

“nebulosa da Tarântula” da Grande Nuvem de Magalhães. Essa galáxia tem<br />

igualmente a honra de ter revelado a supernova mais próxima e mais<br />

brilhante a aparecer durante os últimos três séculos, a Supernova 1987A,<br />

que deve ter realmente explodido cerca de 160.000 a.C. para que sua luz<br />

chegasse à Terra em 1987.<br />

Até a década de 1960, os astrônomos se contentavam em classificar<br />

quase todas as galáxias como espirais, espirais barradas, elípticas ou<br />

irregulares. Eles tinham a razão a seu lado, pois mais de 99% de todas as<br />

galáxias se ajustavam numa dessas classes. (Com uma classe galáctica<br />

chamada “irregular”, esse resultado talvez pareça uma barbada.) Mas<br />

durante aquela bela década, um astrônomo americano chamado Halton Arp<br />

tornou-se o paladino das galáxias que não se ajustavam ao simples plano de<br />

classificação do diagrama de Hubble acrescido das irregulares. No espírito de<br />

“Give me your tired, your poor, your huddled masses” [1] , Arp usou o maior<br />

telescópio do mundo, o Telescópio Hale de 200 polegadas (508 centímetros)<br />

no Observatório Palomar perto de San Diego, Califórnia, para fotografar 338<br />

sistemas de aparência extremamente perturbada. O Atlas of Peculiar Galaxies<br />

(Atlas de galáxias peculiares), publicado em 1966, tornou-se uma verdadeira<br />

arca do tesouro para oportunidades de pesquisa sobre o que pode dar errado<br />

no universo. Embora as “galáxias peculiares” – definidas como galáxias com<br />

formas tão estranhas que até o termo “irregular” deixa de lhes fazer justiça –<br />

formem apenas uma diminuta minoria de todas as galáxias, elas carregam<br />

informações importantes sobre o que pode acontecer para que as galáxias<br />

deem errado. Revela-se, por exemplo, que muitas galáxias embaraçosamente<br />

peculiares no atlas de Arp são os restos mesclados de duas galáxias, outrora<br />

separadas, que colidiram. Isso significa que essas galáxias “peculiares” não são<br />

absolutamente tipos diferentes de galáxias, assim como um Lexus destroçado<br />

não é um novo tipo de carro.<br />

Para rastrear como essa colisão se desenrola, é preciso muito mais que lápis e<br />

papel, porque cada estrela em ambos os sistemas galácticos tem sua própria<br />

gravidade, que afeta simultaneamente todas as outras estrelas nos dois<br />

sistemas. Faz-se necessário, em suma, um computador. As colisões de galáxias<br />

são dramas grandiosos, que levam centenas de milhões de anos do início ao<br />

fim. Ao usar uma simulação de computador, pode-se dar início, e fazer uma

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