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A crescente lista de galáxias comuns conhecidas por terem um buraco negro<br />
em seu centro começou a erguer as sobrancelhas dos investigadores: um<br />
buraco negro supermassivo que não era um quasar? Um quasar que é<br />
rodeado por uma galáxia? Não se pode deixar de pensar numa nova<br />
descrição de como as coisas funcionam. Nessa descrição, algumas galáxias<br />
começam suas vidas como quasares. Para ser um quasar, que é realmente<br />
apenas o centro resplandecente visível de uma galáxia do contrário comum,<br />
o sistema precisa ter não só um buraco negro massivo e faminto, mas também<br />
um amplo suprimento de gás em queda. Uma vez que o buraco negro<br />
supermassivo tragou todo o alimento existente, deixando estrelas e gás não<br />
devorados em órbitas distantes e seguras, o quasar simplesmente se<br />
desconecta. Tem-se então uma galáxia dócil com um buraco negro latente<br />
cochilando em seu centro.<br />
Os astrônomos têm descoberto outros novos tipos de objetos, classificados<br />
como intermediários entre os quasares e as galáxias normais, cujas<br />
propriedades também dependem do mau comportamento de buracos negros<br />
supermassivos. Às vezes, as correntes de material que caem no buraco negro<br />
central de uma galáxia fluem lenta e constantemente. Outras vezes,<br />
episodicamente. Esses sistemas povoam o zoo das galáxias cujos núcleos são<br />
ativos, mas não ferozes. Ao longo de anos, acumularam-se nomes para os<br />
vários tipos: LINERs (regiões de linhas de emissão nuclear de baixa<br />
ionização), galáxias Seyfert, galáxias N, blazares. Todos esses objetos são<br />
chamados genericamente AGNs, a abreviação dos astrofísicos para galáxias<br />
com núcleos “ativos”. Ao contrário dos quasares, que aparecem somente a<br />
distâncias imensas, as AGNs aparecem tanto a grandes distâncias como<br />
relativamente perto. Isso sugere que as AGNs fazem parte da série de galáxias<br />
que não se comportam bem. Os quasares consumiram há muito tempo todo o<br />
seu alimento, assim nós os vemos apenas quando voltamos o olhar muito para<br />
trás no tempo, observando muito longe no espaço. As AGNs, em contraste,<br />
tinham apetites mais modestos, assim algumas delas ainda têm o que comer<br />
mesmo depois de bilhões de anos.<br />
Classificar as AGNs unicamente com base na sua aparência visual daria<br />
uma história incompleta, assim os astrofísicos classificaram as AGNs pelos<br />
seus espectros e por todo o alcance de suas emissões eletromagnéticas.<br />
Durante meados e final da década de 1990, os investigadores aperfeiçoaram<br />
seu modelo de buraco negro, e descobriram que podiam caracterizar quase<br />
todos os animais no zoo AGN medindo apenas uns poucos parâmetros: a<br />
massa do buraco negro do objeto, o ritmo em que está sendo alimentado, e<br />
nosso ângulo de visão sobre o disco de acreção e seus jatos. Se, por exemplo,<br />
olhamos por acaso “bem no cano da arma”, exatamente ao longo da mesma<br />
direção de um jato saindo da vizinhança de um buraco negro supermassivo,<br />
vemos um objeto muito mais brilhante do que veríamos se por acaso<br />
tivéssemos uma visão lateral por um ângulo muito diferente. Variações nesses<br />
três parâmetros podem explicar quase toda a impressionante diversidade que<br />
os astrofísicos observam, dando-lhes uma bem-vinda unificação dos modelos