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próprio uma profunda cratera polar) permaneceria imerso na escuridão,<br />
porque as crateras profundas perto dos polos lunares são os únicos lugares<br />
sobre a Lua onde o “Sol não brilha”. (Se você achava que a Lua tem um lado<br />
escuro perpétuo, foi enganado por muitas fontes, inclusive provavelmente<br />
pelo álbum de Pink Floyd de 1973, O lado escuro da Lua.) Como sabem os<br />
habitantes famintos de luz do Ártico e da Antártida, o Sol nessas regiões<br />
nunca se eleva bem alto no céu em qualquer hora do dia ou em qualquer<br />
estação do ano. Agora imagine viver no fundo de uma cratera cuja borda se<br />
eleva mais alto do que a maior altitude que o Sol já alcançou. Sem o ar para<br />
espalhar a luz solar nas sombras, você viveria numa eterna escuridão.<br />
Entretanto, mesmo na fria escuridão, o gelo se evaporaria lentamente.<br />
Basta olhar para os cubos de gelo na bandeja do congelador depois de seu<br />
retorno de umas férias longas: os tamanhos dos cubos serão nitidamente<br />
menores do que quando você partiu. Entretanto, se o gelo foi bem misturado<br />
com partículas sólidas (como ocorre num cometa), ele pode sobreviver por<br />
milhares e milhões de anos na base das profundas crateras polares da Lua.<br />
Qualquer posto avançado que poderíamos estabelecer sobre a Lua se<br />
beneficiaria muito de estar localizado perto desse lago. À parte as vantagens<br />
óbvias de ter gelo para derreter, filtrar e depois beber, poderíamos também<br />
lucrar dissociando o hidrogênio de seus átomos de oxigênio. O hidrogênio, e<br />
mais um pouco do oxigênio, poderiam ser usados como ingredientes ativos<br />
para combustível de foguete, e ainda daria para guardar o resto do oxigênio<br />
para respirar. E em nosso tempo livre entre missões espaciais, talvez<br />
preferíssemos patinar um pouco.<br />
Embora Vênus tenha quase o mesmo tamanho e massa da Terra, vários<br />
atributos distinguem nosso planeta irmão de todos os outros planetas no<br />
sistema solar, especialmente sua atmosfera de dióxido de carbono, densa,<br />
grossa e altamente reflexiva, que exerce uma pressão sobre a superfície cem<br />
vezes igual à da atmosfera da Terra. Exceto as criaturas marinhas habitantes<br />
das profundezas, que vivem sob pressões semelhantes, todas as formas de<br />
vida terrestre seriam esmagadas até a morte em Vênus. Mas a característica<br />
mais peculiar de Vênus reside nas crateras relativamente jovens espalhadas<br />
de maneira uniforme sobre sua superfície. Essa descrição aparentemente<br />
inócua indica que uma catástrofe recente em todo o planeta zerou o relógio<br />
das crateras – e com isso nossa capacidade de datar a superfície de um<br />
planeta pela formação de crateras – apagando as evidências de todos os<br />
impactos anteriores. Um fenômeno climático erosivo de monta, como uma<br />
inundação em todo o planeta, também poderia ter provocado esse efeito. Mas<br />
o mesmo poderia ter acontecido em virtude de uma atividade geológica<br />
(deveríamos dizer venuslógica?) em todo o planeta, como fluxos de lava que<br />
poderiam ter transformado a superfície inteira de Vênus no sonho<br />
automotivo americano – um planeta totalmente pavimentado. Quaisquer<br />
que tenham sido os eventos que zeraram o relógio da formação de crateras,<br />
eles devem ter cessado abruptamente. Mas permanecem perguntas