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com seu oceano de água e cobertura de gelo, e tem mantido esse oceano<br />
perto, mas ainda acima, do ponto de congelamento ao longo de quatro e<br />
meio bilhões de anos de história cósmica.<br />
Os astrobiólogos veem, portanto, o oceano global de Europa como um alvo<br />
prioritário para investigação. Ninguém sabe a espessura da cobertura glacial,<br />
que talvez vá de algumas dúzias de metros a um quilômetro ou mais. Dada a<br />
fecundidade da vida dentro dos oceanos da Terra, Europa continua a ser o<br />
lugar mais fascinante no sistema solar para procurar vida fora da Terra.<br />
Imagine ir pescar naquele gelo. Na verdade, os engenheiros e cientistas no<br />
Laboratório de Propulsão a Jato na Califórnia começaram a conceber uma<br />
sonda espacial que pouse, descubra (ou corte) um buraco no gelo, e deixe<br />
cair uma câmera submersível para dar uma espiada na vida primitiva que<br />
talvez nade ou se arraste abaixo.<br />
“Primitiva” resume bastante bem nossas expectativas, porque quaisquer<br />
pretensas formas de vida teriam apenas pequenas quantidades de energia à<br />
sua disposição. Ainda assim, a descoberta de enormes massas de organismos<br />
nas profundezas um quilômetro ou mais abaixo dos basaltos do estado de<br />
Washington, vivendo principalmente do calor geotérmico, sugere que um dia<br />
talvez venhamos a descobrir que os oceanos de Europa estão cheios de<br />
organismos vivos, diferentes de qualquer outro sobre a Terra. Mas resta uma<br />
pergunta premente: daríamos às criaturas o nome de europanas ou<br />
europeias?<br />
Marte e Europa constituem os alvos números um e dois na busca de vida<br />
extraterrestre dentro do sistema solar. Um terceiro grande cartaz “Me<br />
Procure” aparece num ponto duas vezes mais longe do Sol do que Júpiter e<br />
suas luas. Saturno tem uma lua gigante, Titã, que empata com a campeã de<br />
Júpiter, Ganimedes, como a maior lua no sistema solar. Com um tamanho<br />
correspondente a uma Lua (nosso satélite) e meia, Titã possui uma atmosfera<br />
espessa, uma qualidade não igualada por nenhuma outra lua (ou pelo<br />
planeta Mercúrio, não muito maior que Titã, mas muito mais próximo do Sol,<br />
cujo calor evapora quaisquer gases mercurianos). Ao contrário das atmosferas<br />
de Marte e Vênus, a atmosfera de Titã, muitas dúzias de vezes mais espessa<br />
que a de Marte, consiste principalmente em moléculas de nitrogênio, assim<br />
como a da Terra. Flutuando dentro desse gás nitrogênio transparente estão<br />
enormes quantidades de partículas de aerossol, um nevoeiro enfumaçado<br />
permanente em Titã que encobre para sempre a superfície da lua, furtando-a<br />
do nosso olhar. Como resultado, a especulação sobre as possibilidades de vida<br />
tem se deliciado com Titã. Medimos a temperatura da lua fazendo quicar<br />
ondas de rádio (que penetram os gases e os aerossóis atmosféricos) na sua<br />
superfície. A temperatura da superfície de Titã, perto de 94 o Kelvin (-179 o<br />
Celsius), está muito abaixo daquelas que permitem a existência de água<br />
líquida, mas proporciona a temperatura exata para o etano líquido, um<br />
composto de carbono-hidrogênio familiar àqueles que refinam produtos de<br />
petróleo. Por décadas, os astrobiólogos imaginaram lagos de etano em Titã,