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CAPÍTULO 12<br />
Entre os planetas<br />
Visto de certa distância, nosso sistema solar parece vazio. Se o encerrássemos<br />
dentro de uma esfera grande o suficiente para conter a órbita de Netuno, o<br />
Sol, junto com todos os seus planetas e suas luas, ocuparia pouco menos que<br />
um trilionésimo de todo o espaço naquela esfera. Esse resultado, entretanto,<br />
supõe que o espaço interplanetário seja essencialmente vazio. Vistos de perto,<br />
entretanto, os espaços entre os planetas revelam conter todo tipo de rochas<br />
em pedaços, seixos, bolas de gelo, poeira, correntes de partículas carregadas e<br />
distantes sondas feitas pelo homem. O espaço interplanetário é também<br />
permeado por alguns campos magnéticos e gravitacionais imensamente<br />
poderosos, invisíveis, mas ainda assim capazes de afetar os objetos em nossa<br />
vizinhança. Esses pequenos objetos e campos de força cósmica apresentam<br />
atualmente uma séria ameaça para qualquer um que tente viajar de um<br />
lugar a outro no sistema solar. Os maiores desses objetos representam<br />
igualmente uma ameaça à vida sobre a Terra, se por acaso vierem a colidir –<br />
como certamente fazem em raras ocasiões – com nosso planeta a velocidades<br />
de muitos quilômetros por segundo.<br />
As regiões locais do espaço são tão não vazias que a Terra, durante sua<br />
viagem orbital de 30 quilômetros por segundo ao redor do Sol, singra através<br />
de centenas de toneladas de destroços interplanetários por dia – a maioria<br />
dos quais não é maior que um grão de areia. Quase toda essa matéria queima<br />
na atmosfera superior da Terra, batendo no ar com tanta energia que as<br />
partículas que caem se vaporizam. Nossa frágil espécie evoluiu embaixo desse<br />
cobertor de ar protetor. Os pedaços maiores dos destroços, do tamanho de<br />
uma bola de golfe, aquecem-se rápida mas irregularmente, e muitas vezes se<br />
estilhaçam em muitos pedaços menores antes de se vaporizar. Pedaços ainda<br />
maiores chamuscam suas superfícies, mas abrem caminho, ao menos em<br />
parte, até o chão. Poder-se-ia pensar que a essa altura, depois de 4,6 bilhões<br />
de viagens ao redor do Sol, a Terra teria “removido com aspirador de pó”<br />
todos os possíveis destroços em seu caminho orbital. Temos feito progressos<br />
nessa direção: as coisas eram muito piores em outros tempos. Durante o<br />
primeiro meio bilhão de anos depois da formação do Sol e seus planetas,<br />
choveu tanto lixo sobre a Terra que a energia dos impactos gerou uma<br />
atmosfera fortemente aquecida e uma superfície esterilizada.<br />
Em particular, um naco de lixo espacial foi tão substancial que causou a<br />
formação da Lua. A inesperada escassez de ferro e outros elementos de<br />
massa elevada na Lua, deduzida das amostras lunares que os astronautas da<br />
Apollo trouxeram para a Terra, indica que a Lua é composta muito<br />
provavelmente de matéria expelida da crosta e do manto relativamente<br />
pobres em ferro da Terra, em virtude de uma colisão oblíqua com um