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todas as cartas evolutivas. Suas altas massas lhes dão as maiores<br />

luminosidades estelares – algumas delas podem se vangloriar de uma<br />

luminosidade igual a um milhão de vezes a do Sol – e porque consomem seu<br />

combustível nuclear muito mais rapidamente do que as estrelas de baixa<br />

massa, elas têm a vida mais curta de todas as estrelas, apenas alguns milhões<br />

de anos, ou até menos. A fusão termonuclear continuada dentro das estrelas<br />

de alta massa lhes permite manufaturar dúzias de elementos nos seus<br />

núcleos, a começar do hidrogênio e prosseguindo para o hélio, o carbono, o<br />

nitrogênio, o oxigênio, o neônio, o magnésio, o silício, o cálcio e assim por<br />

diante, toda a série até o ferro. Essas estrelas forjam ainda mais elementos<br />

em suas fogueiras finais, que podem suplantar por pouco tempo o brilho de<br />

toda a galáxia natal de uma estrela. Os astrofísicos dão a cada uma dessas<br />

explosões o nome de supernova, semelhante na aparência (embora<br />

totalmente diferente na sua origem) às supernovas Tipo Ia descritas no<br />

Capítulo 5. A energia explosiva de uma supernova espalha tanto os elementos<br />

previamente gerados como os recém-cunhados através da galáxia, soprando<br />

buracos em sua distribuição de gás e enriquecendo nuvens próximas com<br />

matérias-primas para gerar novos grãos de poeira. A explosão se move<br />

supersonicamente através dessas nuvens interestelares, comprimindo seu gás<br />

e poeira, criando possivelmente algumas das bolsas de alta densidade<br />

necessárias para formar estrelas.<br />

O maior presente que essas supernovas dão ao cosmos consiste em todos<br />

os elementos que não sejam hidrogênio e hélio – elementos capazes de<br />

formar planetas, protistas e pessoas. Nós, sobre a Terra, vivemos do produto<br />

de incontáveis estrelas que explodiram há bilhões de anos, em épocas antigas<br />

da história da Via Láctea, muito antes que nosso Sol e seus planetas se<br />

condensassem dentro dos recessos escuros e poeirentos de uma nuvem<br />

interestelar – ela própria dotada de um enriquecimento químico fornecido<br />

por prévias gerações de estrelas de alta massa.<br />

Como é que chegamos a saborear esse delicioso grão de conhecimento, o fato<br />

de que todos os elementos além do hélio foram forjados dentro de estrelas?<br />

O prêmio dos autores para a descoberta científica mais subestimada do<br />

século XX vai para o reconhecimento de que as supernovas – a agonia mortal<br />

explosiva das estrelas de alta massa – fornecem a fonte primária para a<br />

origem e abundância de elementos pesados no universo. Essa compreensão<br />

relativamente pouco aclamada apareceu num longo artigo de pesquisa,<br />

publicado em 1957 na revista americana Reviews of Modern Physics sob o<br />

título “A síntese dos elementos nas estrelas”, e escrito por E. Margaret<br />

Burbidge, Geoffrey R. Burbidge, William Fowler e Fred Hoyle. Nesse artigo, os<br />

quatro cientistas criaram uma estrutura teórica e computacional que<br />

interpretava e mesclava com novo vigor quarenta anos de meditações de<br />

outros cientistas sobre dois tópicos-chave: as fontes da energia estelar e a<br />

transmutação dos elementos químicos.<br />

A química nuclear cósmica, a busca para compreender como a fusão

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