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universo na época do desacoplamento. Os astrofísicos têm aprendido a<br />

examinar esse instantâneo com uma acuidade sempre maior. Primeiro, o fato<br />

de que a CBR existe demonstra que a compreensão básica da história do<br />

universo por eles elaborada está correta. E segundo, depois de anos de<br />

aperfeiçoamento das capacidades para medir a radiação cósmica de fundo,<br />

os sofisticados instrumentos em satélites e carregados por balões lhes deram<br />

um mapa dos diminutos desvios da homogeneidade na CBR. Esse mapa<br />

fornece o registro das flutuações outrora minúsculas, cujo tamanho<br />

aumentou quando o universo se expandiu durante os poucos cem mil anos<br />

depois da era da inflação, e que desde então cresceram, durante os<br />

aproximadamente bilhões de anos seguintes, realizando a distribuição, em<br />

grande escala, da matéria no cosmos.<br />

Por mais extraordinário que possa parecer, a CBR nos fornece os meios<br />

para mapear o carimbo do universo primitivo há muito desaparecido, e para<br />

localizar – a uma distância de 14 bilhões de anos-luz em todas as direções –<br />

as regiões de densidade um pouco maior que se tornariam aglomerados e<br />

superaglomerados de galáxias. As regiões com densidade maior que a média<br />

deixavam para trás um pouco mais de fótons que as regiões com densidades<br />

mais baixas. Quando o cosmos se tornou transparente, graças à perda de<br />

energia que deixou os fótons incapazes de interagir com os átomos recémformados,<br />

cada fóton começou uma viagem que o levaria para bem longe de<br />

seu ponto de origem. Os fótons de nossa vizinhança viajaram 14 bilhões de<br />

anos-luz em todas as direções, fornecendo parte da CBR que civilizações<br />

muito distantes no fim do universo visível talvez estejam examinando ainda<br />

agora, e “seus” fótons, tendo atingido nossos instrumentos, nos informam<br />

como as coisas eram há muito tempo e em lugares muito remotos, no tempo<br />

em que as estruturas nem tinham começado a se formar.<br />

Ao longo de mais de um quarto de século depois da primeira detecção da<br />

radiação cósmica de fundo em 1965, os astrofísicos procuraram anisotropias<br />

na CBR. De um ponto de vista teórico, eles precisavam desesperadamente<br />

encontrá-las, porque sem a existência de anisotropias na CBR num nível de<br />

poucas partes em cem mil, seu modelo básico de como surgiu a estrutura<br />

perderia toda e qualquer pretensão à validade. Sem as sementes da matéria<br />

que elas denunciam, não teríamos explicação para a razão de existirmos.<br />

Como quis o destino feliz, as anisotropias apareceram precisamente na hora<br />

certa. Assim que criaram instrumentos capazes de detectar anisotropias no<br />

nível apropriado, os cosmólogos as encontraram, primeiro com o satélite<br />

COBE em 1992, e mais tarde com instrumentos muito mais precisos a bordo<br />

de balões e no satélite WMAP descrito no Capítulo 3. As minúsculas<br />

flutuações de lugar para lugar nas quantidades de fótons de micro-ondas<br />

que formam a CBR, agora delineadas com impressionante precisão pelo<br />

WMAP, encarnam o registro de flutuações cósmicas num tempo 380.000<br />

anos depois do big bang. A flutuação típica está apenas algumas centenas de<br />

milésimos de um grau acima ou abaixo da temperatura média da radiação<br />

cósmica de fundo, por isso detectá-las é como encontrar pálidas manchas de

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