17.12.2015 Views

ApIqCL

ApIqCL

ApIqCL

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

sociedade tanto deseja.<br />

Surge apenas uma dificuldade. Por que eles deveriam vir? Exatamente<br />

que característica de nosso planeta nos torna especiais a ponto de<br />

merecermos a atenção de sociedades extraterrestres, supondo-se que<br />

existam? Nesse ponto mais que em qualquer outro, os humanos têm violado<br />

consistentemente o princípio copernicano. Pergunte a qualquer pessoa por<br />

que a Terra merece escrutínio, e vai provavelmente receber um olhar incisivo<br />

e zangado. Quase todas as concepções de visitantes alienígenas na Terra,<br />

bem como parte considerável do dogma religioso, baseiam-se na conclusão<br />

tácita e óbvia de que nosso planeta e nossa espécie ocupam um posto tão alto<br />

na lista das maravilhas universais que não é preciso nenhum argumento para<br />

endossar a afirmação astronomicamente estranha de que nosso grão de<br />

poeira, quase perdido em seu subúrbio da Via Láctea, sobressai de alguma<br />

forma como um farol galáctico, não só solicitando, mas também recebendo<br />

atenção em escala cósmica.<br />

Essa conclusão provém do fato de que a situação real parece invertida,<br />

quando vemos o cosmos a partir da Terra. Então as questões planetárias<br />

avultam enormes, enquanto as estrelas parecem pontos diminutos de luz. De<br />

um ponto de vista cotidiano, isso faz muito sentido. Nosso sucesso de<br />

sobrevivência e reprodução, como o de todo outro organismo, tem pouco a<br />

ver com o cosmos que nos circunda. Entre todos os objetos astronômicos,<br />

apenas o Sol e, em grau muito menor, a Lua afetam nossas vidas, e seus<br />

movimentos se repetem com tal regularidade que eles quase parecem parte<br />

da cena terrestre. Nossa consciência humana, formada sobre a Terra a partir<br />

de incontáveis encontros com criaturas e eventos terrestres, imagina<br />

compreensivelmente a cena extraterrestre como um pano de fundo muito<br />

distante da ação importante no palco central. Nosso erro consiste em<br />

pressupor que o pano de fundo também nos considera o centro da atividade.<br />

Como cada um de nós adotou essa atitude errônea muito antes que<br />

nossas mentes conscientes alcançassem qualquer domínio ou controle sobre<br />

nossos padrões de pensamento, não conseguimos eliminá-la inteiramente de<br />

nossa abordagem do cosmos, mesmo quando optamos por fazê-lo. Aqueles<br />

que impõem o princípio copernicano devem permanecer sempre vigilantes<br />

contra os murmúrios de cérebros dissimulados, assegurando-nos que<br />

ocupamos o centro do universo, que naturalmente dirige sua atenção para<br />

nós.<br />

Quando nos voltamos para relatos de visitantes extraterrestres na Terra,<br />

devemos reconhecer outra falácia do pensamento humano, tão onipresente<br />

e autoenganadora quanto nossos preconceitos anticopernicanos. Os seres<br />

humanos confiam muito mais em suas memórias do que a realidade<br />

justificaria. Assim agimos pelas mesmas razões do valor da sobrevivência que<br />

nos levam a considerar a Terra como o centro do cosmos. As memórias<br />

registram o que percebemos, e fazemos bem em prestar atenção a esse<br />

registro, se procuramos tirar conclusões para o futuro.<br />

Agora que temos melhores meios de registrar o passado, entretanto,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!