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cinco sentidos inatos são capazes de interpretar.<br />
Com as devidas desculpas a Edwin P. Hubble, seu comentário citado na<br />
página 309, embora pungente e poético, deveria ter sido<br />
Equipado com nossos cinco sentidos, junto com telescópios, microscópios,<br />
espectômetros de massa, sismógrafos, magnetômetros, detectores e<br />
aceleradores de partículas, instrumentos que registram a radiação de<br />
todo o espectro eletromagnético, exploramos o universo ao nosso redor e<br />
damos à aventura o nome de ciência.<br />
Pensem em como o mundo nos pareceria mais rico, e como teríamos<br />
descoberto muito mais cedo a natureza fundamental do universo, se<br />
tivéssemos nascido com globos oculares ajustáveis e de alta precisão. Conecte<br />
a parte onda de rádio do espectro, e o céu diurno torna-se tão escuro quanto<br />
a noite, exceto em algumas direções selecionadas. O centro de nossa galáxia<br />
parece um dos lugares mais brilhantes no céu, reluzindo faiscante atrás de<br />
algumas das principais estrelas da constelação de Sagitário. Sintonize as<br />
micro-ondas, e todo o universo fulgura com resquícios do universo primitivo,<br />
uma parede de luz que começou sua viagem em direção a nós 380.000 anos<br />
depois do big bang. Sintonize os raios X, e você reconhecerá imediatamente<br />
as posições dos buracos negros com matéria espiralando para dentro deles.<br />
Sintonize os raios gama, e veja explosões colossais jorrando de direções<br />
aleatórias aproximadamente uma vez por dia em todo o universo. Observe o<br />
efeito dessas explosões no material circundante, enquanto ele aquece para<br />
produzir raios X, infravermelho e luz visível.<br />
Se tivéssemos nascido com detectores magnéticos, a bússola nunca teria<br />
sido inventada, porque ninguém teria necessidade desse instrumento.<br />
Apenas sintonize as linhas do campo magnético da Terra, e a direção do<br />
norte magnético avulta como Oz além do horizonte. Se tivéssemos analistas<br />
de espectros dentro de nossas retinas, não teríamos de nos perguntar do que<br />
é feita a atmosfera. Simplesmente olhando para ela, saberíamos se ela contém<br />
ou não suficiente oxigênio para sustentar a vida humana. E teríamos<br />
aprendido há milhares de anos que as estrelas e as nebulosas em nossa<br />
galáxia contêm os mesmos elementos químicos encontrados aqui na Terra.<br />
E se tivéssemos nascido com grandes olhos sensíveis, com detectores de<br />
movimento Doppler embutidos, teríamos visto imediatamente, ainda como<br />
trogloditas a grunhir, que o universo inteiro está se expandindo – que todas<br />
as galáxias distantes estão se afastando de nós.<br />
Se nossos olhos tivessem a resolução de microscópios de alto desempenho,<br />
ninguém jamais teria culpado a ira divina pela praga e outras doenças. As<br />
bactérias e os vírus que deixaram você doente teriam saltado à vista, quando<br />
rastejaram sobre sua comida ou escorregaram pelas feridas abertas na sua<br />
pele. Com experimentos simples, você poderia dizer facilmente quais desses<br />
micróbios eram ruins e quais eram bons. E os vetores de problemas de<br />
infecção pós-operatória teriam sido identificados e resolvidos centenas de