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isso o que de fato se dá. O espectro do cianogênio nas galáxias distantes<br />

mostra que as micro-ondas têm exatamente a temperatura que esperamos<br />

encontrar nesses tempos cósmicos primitivos.<br />

Você não consegue inventar essas coisas.<br />

A CBR contribui muito mais para o trabalho dos astrofísicos do que<br />

fornecer tão somente uma evidência direta do universo primitivo quente e,<br />

portanto, do modelo do big bang. Ocorre que os detalhes dos fótons que<br />

compreendem a CBR nos atingem carregados de informações sobre o cosmos<br />

que existia tanto antes como depois que o universo se tornou transparente.<br />

Observamos que até aquela época, cerca de 380.000 anos depois do big bang,<br />

o universo era opaco, de modo que não se poderia ter testemunhado a<br />

matéria criando formas, ainda que se estivesse sentado no centro da primeira<br />

fila. Você não poderia ter visto onde os aglomerados de galáxias estavam<br />

começando a se formar. Antes que qualquer um, em qualquer lugar, pudesse<br />

ver algo que valesse a pena, os fótons tinham de adquirir a capacidade de<br />

viajar, desimpedidos, através do universo. Quando chegou a hora, cada fóton<br />

começou sua jornada através do cosmos no ponto em que se chocou contra o<br />

último elétron que se interpôs no seu caminho. À medida que mais e mais<br />

fótons escapavam sem serem defletidos por elétrons (graças aos elétrons se<br />

juntarem aos núcleos para formar átomos), eles criavam uma casca em<br />

expansão de fótons que os astrofísicos chamam “a superfície da última<br />

dispersão”. Essa casca, que se formou durante um período de cerca de cem<br />

mil anos, marca a época em que nasceram quase todos os átomos no cosmos.<br />

A essa altura, a matéria em grandes regiões do universo já começara a<br />

coalescer. Onde a matéria acumula, a gravidade se torna mais forte,<br />

permitindo que mais e mais matéria se reúna. Essas regiões ricas em matéria<br />

semearam a formação dos superaglomerados de galáxias, enquanto outras<br />

regiões permaneciam relativamente vazias. Os fótons que pela última vez<br />

espalharam elétrons dentro das regiões em coalescência desenvolveram um<br />

espectro diferente, ligeiramente mais frio, ao escaparem do campo de<br />

gravidade cada vez mais forte, o que lhes roubou um pouquinho da energia.<br />

A CBR mostra lugares que são levemente mais quentes ou levemente mais<br />

frios que a média, em geral por um centésimo de milésimo de grau. Esses<br />

lugares quentes e frios marcam as estruturas mais primitivas do cosmos, os<br />

primeiros amontoamentos de matéria. Sabemos como é a matéria hoje em dia<br />

porque vemos galáxias, aglomerados e superaglomerados de galáxias. Para<br />

descobrir como esses sistemas surgiram, sondamos a radiação cósmica de<br />

fundo, uma relíquia extraordinária do passado remoto, que ainda preenche o<br />

universo inteiro. Estudar os padrões na CBR equivale a uma espécie de<br />

frenologia cósmica: podemos ler as saliências no “crânio” do jovem universo<br />

e, a partir delas, deduzir o comportamento não só de um universo bebê, mas<br />

também de um universo adulto.<br />

Ao acrescentar outras observações do universo local e do universo<br />

distante, os astrônomos podem determinar todos os tipos de propriedades<br />

cósmicas fundamentais a partir da CBR. Ao compararmos a distribuição de

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