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nenhuma boa explicação para como os planetas começaram a se construir a<br />
partir de gás e poeira, embora possamos perceber facilmente como o processo<br />
de formação, uma vez em andamento, criou objetos maiores a partir de<br />
menores, e assim agiu dentro de um período bastante breve de tempo.<br />
O início da construção de planetas propõe um problema<br />
extraordinariamente intratável, a ponto de um dos especialistas mundiais<br />
nesse assunto, Scott Tremaine da Universidade de Princeton, ter elucidado<br />
(em parte como pilhéria) as leis de Tremaine sobre a formação dos planetas. A<br />
primeira dessas leis afirma que “todas as previsões teóricas sobre as<br />
propriedades dos planetas extrassolares estão erradas”, e a segunda estipula<br />
que “a previsão mais segura sobre a formação dos planetas é que ela não pode<br />
acontecer”. O humor de Tremaine sublinha o fato inelutável de que os<br />
planetas realmente existem, apesar de nossa incapacidade de explicar esse<br />
enigma astronômico.<br />
Há mais de dois séculos, tentando explicar a formação do Sol e seus<br />
planetas, Immanuel Kant propôs uma “hipótese nebular”, segundo a qual<br />
uma massa em torvelinho de gás e poeira ao redor de nossa estrela em<br />
formação se condensou em blocos que se transformaram em planetas. Em<br />
suas linhas gerais, a hipótese de Kant continua a ser a base para as<br />
abordagens astronômicas modernas da formação dos planetas, tendo<br />
triunfado sobre o conceito, muito em voga durante a primeira metade do<br />
século XX, de que os planetas do Sol surgiram de uma passagem próxima de<br />
outra estrela pelo Sol. Nesse roteiro, as forças gravitacionais entre as estrelas<br />
teriam atraído massas de gás de cada uma delas, e parte desse gás poderia<br />
então ter esfriado e condensado para formar os planetas. Essa hipótese,<br />
promovida pelo famoso astrofísico britânico James Jeans, tinha o defeito (ou<br />
o apelo, para aqueles inclinados nessa direção) de tornar os sistemas<br />
planetários extremamente raros, porque é provável que encontros bastante<br />
próximos entre estrelas ocorram apenas umas poucas vezes durante o período<br />
de vida de uma galáxia inteira. Quando calcularam que quase todo o gás<br />
tirado das estrelas evaporaria em vez de condensar, os astrônomos<br />
abandonaram a hipótese de Jeans e retornaram à de Kant, a qual implica que<br />
muitas, senão a maioria, das estrelas devem ter planetas em órbita ao seu<br />
redor.<br />
Os astrofísicos têm agora boas evidências de que as estrelas se formam,<br />
não uma a uma, mas aos milhares e dezenas de milhares, dentro de nuvens<br />
gigantes de gás e poeira que podem acabar dando origem a cerca de um<br />
milhão de estrelas individuais. Um desses gigantescos berçários estelares<br />
produziu a nebulosa de Órion, a grande região de formação de estrelas mais<br />
próxima do sistema solar. Dentro de alguns milhões de anos, essa região terá<br />
produzido centenas de milhares de novas estrelas, que vão soprar para o<br />
espaço a maior parte do gás e poeira restantes da nebulosa, de modo que<br />
daqui a cem mil gerações os astrônomos vão observar as jovens estrelas limpas<br />
dos restos de seus casulos de nascimento.<br />
Os astrofísicos usam agora telescópios de rádio para mapear a distribuição