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que não desaparecia no sinal, e não conseguiam imaginar como livrar-se dele.<br />

O ruído parecia vir de toda direção acima do horizonte, e não mudava com o<br />

tempo. Finalmente, resolveram olhar dentro de seu chifre gigantesco.<br />

Algumas pombas estavam fazendo ninho na antena, deixando uma<br />

substância dielétrica branca (cocô de pomba) por toda parte ali perto. As<br />

coisas devem ter se tornado desesperadoras para Penzias e Wilson: as fezes<br />

poderiam ser responsáveis, eles se perguntavam, pelo ruído de fundo? Eles<br />

limparam tudo, e certamente o barulho diminuiu um pouquinho. Mas ainda<br />

não desaparecia de todo. O artigo que publicaram em 1965, no The<br />

Astrophysical Journal, refere-se ao enigma persistente de uma inexplicável<br />

“temperatura excessiva na antena”, e não à descoberta astronômica do<br />

século.<br />

Enquanto Penzias e Wilson estavam removendo fezes de pássaros de sua<br />

antena, uma equipe de físicos na Universidade de Princeton, liderada por<br />

Robert H. Dicke, construía um detector especificamente projetado para<br />

encontrar a CBR que Gamow, Alpher e Herman tinham predito. Os<br />

professores, entretanto, não tinham os recursos de Bell Labs, por isso seu<br />

trabalho prosseguia mais lentamente. Assim que escutaram sobre os<br />

resultados de Penzias e Wilson, Dicke e seus colegas compreenderam que<br />

tinham sido passados para trás. A equipe de Princeton sabia exatamente o<br />

que era a “temperatura excessiva na antena”. Tudo se encaixava na teoria: a<br />

temperatura, o fato de que o sinal vinha de todas as direções em<br />

quantidades iguais, e de que não estava sincronizado com a rotação da Terra<br />

ou a posição da Terra em órbita ao redor do Sol.<br />

Mas por que alguém deveria aceitar a interpretação? Por boas razões. Os<br />

fótons levam tempo para chegar até nós vindos de partes distantes do<br />

cosmos, assim retrocedemos inevitavelmente no tempo sempre que voltamos<br />

os olhos para o espaço. Isso significa que se os habitantes inteligentes de uma<br />

galáxia muito, muito distante medissem a temperatura da radiação cósmica<br />

de fundo, muito antes que conseguíssemos fazê-lo, eles teriam descoberto<br />

que a temperatura era mais elevada que 2,73 graus Kelvin, porque teriam<br />

habitado o universo quando ele era mais jovem, menor e mais quente do que<br />

é hoje.<br />

Uma afirmação tão audaciosa como essa pode ser testada? Sim. Resulta<br />

que o composto de carbono e nitrogênio chamado cianogênio – mais<br />

conhecido dos assassinos condenados como o ingrediente ativo do gás<br />

administrado pelos seus carrascos – torna-se excitado pela exposição às<br />

micro-ondas. Se as micro-ondas são mais quentes que as existentes em nossa<br />

CBR, elas vão excitar o composto com um pouco mais de eficácia do que<br />

nossas micro-ondas conseguem fazê-lo. Os compostos de cianogênio atuam<br />

assim como um termômetro cósmico. Quando os observamos em galáxias<br />

distantes e, portanto, mais jovens, eles devem se encontrar banhados num<br />

fundo cósmico mais quente que o cianogênio em nossa galáxia da Via Láctea.<br />

Em outras palavras, essas galáxias devem viver mais animadas do que nós. É

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