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fazer cubos de gelo, e fervemos a água para produzir vapor. A água<br />
açucarada faz surgir cristais de açúcar num fio que bamboleia dentro do<br />
líquido. E uma massa mole viscosa e úmida se transforma em bolo quando<br />
assada no forno. Há um padrão aqui. Em todos os casos, as coisas parecem<br />
diferentes nos dois lados de uma transição de fase. O modelo inflacionário<br />
do universo assegura que na juventude do universo o campo de energia<br />
prevalecente passou por uma transição de fase, uma das várias que teriam<br />
ocorrido durante aqueles tempos primitivos. Esse episódio particular não só<br />
catapultou a expansão primitiva e rápida, mas também imbuiu o cosmos de<br />
um padrão flutuante específico de regiões com alta e baixa densidade. Essas<br />
flutuações então se imobilizaram no tecido em expansão do espaço, criando<br />
uma espécie de planta do lugar onde as galáxias acabariam se formando.<br />
Assim no espírito de Pooh-Bah, o personagem em Mikado, de Gilbert e<br />
Sullivan, que orgulhosamente remontava sua ascendência a um “glóbulo<br />
atômico primordial”, podemos atribuir nossas origens, e o início de toda a<br />
estrutura, a flutuações numa escala subnuclear que surgiram durante a era<br />
inflacionária.<br />
Que fatos podemos citar para fundamentar essa afirmação ousada? Como<br />
os astrofísicos não têm como voltar os olhos ao primeiro 0,000<br />
000000000000000000000000000000001 de um segundo do universo,<br />
eles seguem a melhor alternativa, e usam a lógica científica para conectar<br />
essa época primitiva a tempos que são capazes de observar. Se a teoria<br />
inflacionária está correta, as flutuações iniciais produzidas durante essa era –<br />
o inevitável resultado da mecânica quântica, que nos diz que pequenas<br />
variações de lugar para lugar sempre surgirão dentro de um líquido do<br />
contrário homogêneo e isotrópico – teriam tido a oportunidade de se<br />
transformar em regiões de altas e baixas concentrações de matéria e energia.<br />
É plausível nossa esperança de encontrar evidência dessas variações de lugar<br />
para lugar na radiação cósmica de fundo, que serve como um proscênio que<br />
separa a época atual dos primeiros momentos do universo neonato, e também<br />
a conecta com eles.<br />
Como já vimos, a radiação cósmica de fundo consiste em fótons gerados<br />
durante os primeiros minutos depois do big bang. Bem cedo na história do<br />
universo, esses fótons interagiam com a matéria, batendo em quaisquer<br />
átomos que se formassem com tanta energia que nenhum átomo conseguia<br />
existir por muito tempo. Mas a expansão do universo em andamento roubava<br />
com efeito energia dos fótons, de modo que finalmente, no tempo do<br />
desacoplamento, nenhum dos fótons tinha energia suficiente para impedir<br />
que os elétrons orbitassem ao redor dos prótons e dos núcleos de hélio. Desde<br />
aquele tempo, 380.000 anos depois do big bang, os átomos têm persistido – a<br />
menos que um distúrbio local, como a radiação de uma estrela próxima, os<br />
despedace – enquanto os fótons, cada um com uma quantidade sempre<br />
menor de energia, continuam a vaguear pelo universo, formando<br />
coletivamente a radiação cósmica de fundo ou CBR.<br />
A CBR traz, assim, o carimbo da história, um instantâneo de como era o