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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

Depois de percorrer uns dezoito quilômetros, muito perto já de Aracena, sobe a um diminuto vale<br />

elevado, situado no coração da Cadeia de Aracena. Existe ali uma aldeia que terá de atravessar muito<br />

rápido para evitar pedradas dos meninos ou algo pior; um povo do século XV que parece não ter<br />

evoluído muito desde então: a maioria das casas são de pedra, com aberturas emolduradas de madeira<br />

trabalhada a machado, e telhados de laminas de ardósia. e muitas vivendas se encontram desabitadas,<br />

algumas totalmente destruídas, mostrando que uma crescente decadência e despovoamento afeta a aldeia,e<br />

que somente a tenacidade das famílias mais antigas tem impedido sua extinção. Seu nome “Alcatrão”,<br />

lhe fora imposto naquela época e constitui uma espécie de maldição para os aldeões, que não conseguiram<br />

jamais substituí-lo por outro, devido à persistência que tem entre os habitantes das aldeias vizinhas. A<br />

origem do nome está há dois quilômetros mais adiante, quase ao terminar o vale, onde um descolorido<br />

cartaz expressa em latim e castelhano “Campus pix picis”, “Campo de la pez” (Campo de piche).<br />

Logicamente, é inútil buscar o piche ali porque tal denominação procede do século XIII, quando<br />

houve muito piche nesse campo, ou pelo menos algo que parecesse: daí o nome do próximo povoado de<br />

mineiros, que ao fundá-lo no século XV tiveram que suportar o tenebroso nome que lhe impuseram seus<br />

vizinhos e acabaram por aceita-lo com resignação. Mas de onde havia saído o piche que caracterizou<br />

aquele vale perdido entre montanhas desertas? Esse piche, esse alcatrão, Dr. Siegnagel, é tudo o que<br />

restou do exército que o Conde deTarseval levantou para atacar o Castelo de Aracena e resgatar a seu<br />

filho Godo.<br />

Naquele vale, o Conde Odielón acampou com suas tropas que tinham mais de mil homens;<br />

cinqüenta Cavaleiros, quinhentas sentinelas almogáveres, e quinhentos homens da Vila. Mais que<br />

suficiente para atacar e arrasar o Castelo Templário que somente contava com uma guarnição de<br />

duzentos Cavaleiros. Ainda que os Templários tivessem fama de lutar três por um, nada poderiam com<br />

focas que o quintuplicavam. Todo o que se precisava era acabar com a ameaça Templária, e resgatar a<br />

Godo se ainda estivesse com vida, e evitar que o Castelo recebesse reforços, e para isso seria fundamental<br />

dominar o fator surpresa. Daí que o Conde Odielón decidisse marchar até Arcena por uma alameda<br />

com precipícios que somente conheciam os Senhores de Tharsis, e que passava por aquele pequeno vale<br />

onde iriam acampar nas horas noturnas para cair de surpresa ao amanhecer. Mas o amanhecer nunca<br />

chegaria para aqueles Senhores de Tharsis.<br />

Seria onze da noite quando Bera e Birsa se prestaram a consumar o Ritual satânico. O Noyo jazia<br />

junto à beira do lago subterrâneo, com vida ainda, mas desvanecido por causa da tortura recebida e das<br />

múltiplas mutilações sofridas: a essa altura havia perdido as unhas das mãos e dos pés, os olhos, as<br />

orelhas e o nariz; e, como último ato de sadismo e crueldade, acabaram por cortar-lhe a língua “em<br />

prêmio a sua fidelidade à Casa de Tharsis e aos Atlantes Brancos”. Curiosamente não lhe aplicaram<br />

tormentos em órgãos genitais, talvez devido a devoção que aqueles Sacerdotes sodomitas professavam pelo<br />

falo.<br />

Apesar das quarenta e nove velas, dos sete candelabros, eliminassem bastante a Caverna de Odiel, o<br />

aspecto daquelas seis personagens que se achavam presentes era sombrio e sinistro: o Abade de Claraval,<br />

o Grão Mestre do Templo, e os dois Preceptores templários, estavam envoltos em um ar taciturno e<br />

fúnebre; sua imobilidade era tão absoluta que poderia se passar por estátuas de pedra, se não fosse por<br />

que o brilho maligno de seus olhos delatava a vida latente. Mas quem realmente infundiu terror em<br />

qualquer pessoa não avisada que tivesse a oportunidade de presenciar a cena, eram os Imortais Bera e<br />

Birsa: estavam vestidos com umas túnicas de linho, agora espantosamente manchadas pelo sangue do<br />

Noyo, e tinham posto peitorais de ouro incrustados com doze fileiras de pedras de diferentes classes. Mas<br />

o que impressionaria a testemunha não seria a vestimenta, mas a frieza de seus rostos, o ódio que<br />

brotava deles e se difundia em sua volta, como uma radiação mortífera; mas não creia que o ódio<br />

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