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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

bola de luz encontrava-se já sobre nós e o zumbido de abelhas alcançou sua máxima<br />

intensidade. Seja pela sacudida de Bangi, ou pelo efeito dos yantras dos lopas, o certo<br />

que recuperei em parte a lucidez, o suficiente para compreender as dramáticas palavras<br />

do gurka.<br />

- Shivatulku! Shivatulku! – chamava impacientemente, sem deixar de me<br />

sacudir, ato que culminou com duas impetuosas bofetadas. Com um movimento de<br />

cabeça lhe fiz entender que escutava.<br />

- Oh Pawo 43[43] : saca-nos daqui! Logo o Vîmâna de Shambala nos destruirá!<br />

- C... como? ¿Como farei, se não posso ficar de pé? - balbuciei desalentado.<br />

- Os cães daivas. Oh. Dubtob 44[44] ! Ordenai aos cães daivas que os conduzam<br />

voando a um destino fora daqui! Me compreendeis?<br />

Assenti, apesar de que não compreendia totalmente a solicitude do gurka.<br />

- O que devo fazer para que os cães daivas voem? – me interroguei absurdamente<br />

a mim mesmo, mas em voz o suficientemente alta como para que Srivirya respondesse.<br />

O lopa, evidentemente estava atento às minhas reações.<br />

- Nomeai-vos como se fossem idênticos a Kyungta, a ave Gáruda que transporta<br />

aos Deuses; ou como Lungta, o cavalo Pégaso que cumpre igual função! Diga-lhes<br />

Svadi-lung; Kula e Akula Svadi-lung; e eles voarão !<br />

Destino? Qual destino? A cabeça parecia que ia estalar. Talvez fosse o<br />

inconsciente, talvez o Scrotra Krâm, mas o certo foi que uma Voz Interior me disse:<br />

-“Sining, deves ir a Sining” – pensei no Yantra, o imaginei como pude, e<br />

traduzi::“Sining-to, Kula e Akula Svadi-lung”. 45[45]<br />

Algum dos lopas havia posto as correias dos cães em minhas mãos. Estavam<br />

enfurecidos pela presença do diabólico vîmâna e rosnavam como se efetivamente<br />

fossem os lobos de Wothan. Quando imaginei o Yantra se puseram rígidos e apontaram<br />

a cabeça para frente, preparados para partir no cumprimento da ordem. E quando<br />

ordenei “Sining-To, Kula e Akula svadi-lung”, sucedeu o incrível prodígio de que os cães<br />

daivas saltaram a uma espécie de abismo que insolitamente se criava frente a eles.<br />

Senti-me arrastado pelas correias, içado ao ar e transportado em direção a Leste,<br />

afundando numa negrura impenetrável que agora ocupava o lugar onde segundos antes<br />

estavam as montanhas Altyn Tagh. Ao ser levantado em vôo, um peso anormal nas<br />

pernas pôs meu corpo em tensão durante um instante. Voltei-me, surpreso, e percebi<br />

que uma cadeia humana pendia de minhas extremidades: os tibetanos haviam realizado<br />

uma série de tackles no momento do salto, agarrando-se entre eles e levado também a<br />

Karl Von Grossen e Oskar Feil. A visão se deslizou para baixo e contemplei<br />

estupidamente a elevação iluminada pelo veículo de Shambala e o acampamento<br />

convertido num sepulcro coletivo: Reinhart Von Krupp, morto, os dois guardas, mortos;<br />

e nas entradas das tendas estavam disseminados os cadáveres de quem conseguiu sair,<br />

mas não chegaram muito longe. O zumbido era ensurdecedor, aterrador, paralisante; o<br />

zumbido era o chamado da Morte! Heinz, Hans, Kloster! Recordei de meus Camaradas e<br />

creio que gritei de impotência, antes de submergir-me na negrura e perder o<br />

conhecimento.<br />

43[43] Pawo: Herói em tibetano.<br />

44[44] Dubtob: Mago.<br />

45[45] “Vamos voando a Sining, Kula e Akula”.<br />

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