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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

Bretanha e Irlanda, é, em rigor, possível que a organização hierárquica do corpo dos<br />

druidas e o sistema de sua doutrina fora inventado na Bretanha. Contudo, é mais crível<br />

que houvesse várias escolas de druidas no Continente e nas ilhas, e que uma ou algumas<br />

da Bretanha gozaram de maior celebridade por ser mais completa a instrução que nela ou<br />

nelas se dava. Em efeito, César não disse que todos os que queriam entrar na classe de<br />

druidas estavam obrigados a ir estudar na Bretanha, mas que iam ali os que desejavam<br />

receber uma instrução mais completa. Uma nova prova de que a Bretanha não era o<br />

centro principal da organização dos druidas, é que suas assembléias gerais as<br />

celebravam num bosque consagrado, no país dos carnutos, que era considerado como o<br />

centro da Gália. Tem-se acreditado que este bosque estava nos arredores de Dreux, e<br />

que esta cidade tomava seu nome dos druidas. Mas isto não passa de ser uma<br />

suposição, posto que o nome de Dreux (Duro-Cath ou Caz) significa um forte perto de um<br />

rio.<br />

Na obra já citada De Bello Gallico, diz César que todos os homens que pertenciam<br />

às classes elevadas na Gália, figuravam, ou entre os nobres ou entre os druidas. Estes<br />

eram os encarregados da direção do povo, assim como também os principais intérpretes<br />

e guardiões da lei. Tinham os druidas o poder para impor os mais severos castigos<br />

àqueles que se negavam a submeter-se às suas decisões.<br />

Dentre as penas que podiam impor a mais temida era a expulsão da sociedade. Os<br />

druidas não formavam uma casta hereditária, estavam no campo e do pagamento de<br />

tributos. E por estas exceções e privilégios todos os jovens da Gália aspiravam a ser<br />

admitidos na Ordem. As provas a que um noviço devia sujeitar-se duravam às vezes vinte<br />

anos. Toda a instrução ou ciência druídica se comunicava oralmente, mas para certas<br />

proporções tinham uma linguagem escrita, na qual usavam os caracteres gregos. O<br />

presidente da Ordem, cujo cargo era eletivo e vitalício, exercia sobre todos os indivíduos<br />

que a formavam uma autoridade suprema. Ensinavam os druidas que a alma era imortal.<br />

A Astrologia, Geografia, Teologia e Ciências físicas eram seus estudos favoritos. Os galos<br />

não faziam sacrifícios senão em casos muito raros, e neles se sacrificava grandes<br />

criminosos. Tudo o que se sabe sobre as doutrinas religiosas ensinadas pelos druidas se<br />

reduz a alguns fragmentos que se encontra em várias obras de escritores da antiguidade,<br />

e particularmente em César, Diodoro da Sicília, Valério Máximo, Lucano, Cícero, etc.<br />

Destes fragmentos resulta que acreditavam, como já foi dito, na imortalidade da alma e<br />

sua existência em outro mundo, não sendo a morte mais que o ponto ou momento de<br />

separação de duas existências. Desta crença é natural que se deriva a o prêmio e castigo<br />

em outra vida, crença que explica naturalmente o valor indomável dos galos e seu<br />

desprestígio à morte. Ensinavam à posição e o movimento dos astros e a magnitude do<br />

Céu e da terra, ou seja, que se dedicavam ao estudo da Astronomia, e sem dúvida<br />

alguma, ao da Astrologia. Cícero diz que se consagravam também ao estudo dos<br />

segredos da natureza e ao da Fisiologia. Disto nasceu sua pretensão de possuir a ciência<br />

da Adivinhação e da Magia. Seu estudo mais importante foi o estudo teológico, mas sobre<br />

ele não se possui dados certos, sendo muito pouco conhecido seu sistema teológico,<br />

porque os escritores gregos e latinos, ao falar do nome e funções e atributos da divindade<br />

druídica, os referiam a sua própria teogonia. Assim, somente se podem fazer conjecturas<br />

as quais o estudo etimológico pode dar algumas probabilidades. César diz que sua<br />

divindade principal erra Mercúrio, que presidia as Artes, as viagens e o Comércio.<br />

Seguiam depois, por ordem de importância, Apolo, Marte, Júpiter e Minerva. Lucano e<br />

outros escritores colocam à cabeça dos deuses a Teutates, e depois dele a Hesos,<br />

Belenos, Taranos e a Hércules Ogmios. Acrescenta César que os druidas pretendiam<br />

descender de Dis, nome que traduzia como significado Plutão, e que a esta origem se<br />

devia que contassem por noites e não por dias. Esta opinião é evidentemente errônea, e o<br />

erro nasceu de que Dis ou Dia era entre os galos um dos nomes do Ser Supremo, ao qual<br />

chamavam também Esar ou o Eterno e Abais ou Aiboll, o infinito. Belenos ou Beal ou<br />

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