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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

onde se dava aulas de treinamento aéreo; mas te repito o pouco que sei até sua<br />

graduação em 1937. Ingressou em alguma divisão especial das , mas pelo que eu saiba,<br />

jamais combateu. Sua função era algo vinculada ao Serviço Exterior, pois quase toda a<br />

guerra ele passou na Ásia. E isso é tudo. Em 1945 foi dado oficialmente como morto,<br />

pois seu destino, dizia-se, era Berlim no mês de Abril, quando esta cidade caiu nas mãos<br />

dos Russos. Seu cadáver foi “encontrado” em seu avião carbonizado, que não pode<br />

decolar por receber um disparo russo de artilharia.<br />

Foi-nos notificada – prosseguiu mamãe – a sua morte e muito a choramos até que<br />

em 1947, surpreendentemente, apareceu aqui. O resto já te disse; foi ajudado pelos<br />

Kameraden e com uma nova identidade se prestava a começar “outra vida” na<br />

Argentina. Segundo disse na ocasião, era preferível desaparecer para sempre, já que se os<br />

aliados suspeitassem de sua existência, não tardariam em buscá-lo.Creio que é uma<br />

decisão que devemos respeitar, não acha? – me olhava esperançosa que minha<br />

“curiosidade” estivesse satisfeita. Decidi continuar interrogando ante que raciocinasse.<br />

- Sim, Mãe, compreendo e agradeço o quanto me disse, mas falta o principal.<br />

Onde está agora tio Kurt? – disparei a pergunta e parecia que ela iria desmaiar.<br />

- Arturo, meu filho, você é adulto e inteligente. Porque perguntar o que a<br />

prudência aconselha não saber? Ele está bem, ninguém o molestou em todos estes anos<br />

e seria de se esperar que ninguém o faça antes de sua breve morte. - Algo passou por<br />

sua mente e ficou olhando-me boquiaberta – Não está pensando em vê-lo, está? Oh,<br />

não!<br />

- Tire essa idéia da cabeça. Ele tem vivido há 35 anos num mesmo lugar e todos o<br />

conhecem em sua nova personalidade. Seria uma idiotice por em perigo tal segurança<br />

por capricho.<br />

Havia adivinhado meu intento e respondido em conseqüência. Compreendi que<br />

seria difícil arrancar a direção de meu ressuscitado tio Kurt.<br />

- Você não compreende Mãe. Não se trata de um capricho; é importante que eu<br />

fale com ele para obter uma informação que ele possui e que para mim é tão vital como<br />

o ar que respiro. Pela segurança. Não se preocupe. Em que poderia afeta-lo a visita de<br />

um estranho uma só vez na vida? Há mil justificativas para receber a um visitante que<br />

logo não voltará nunca mais. Porque é isso que farei, Mãe. Juro! Uma vez que lhe tenha<br />

perguntado o que desejo saber, irei e não voltarei jamais – tratava de convencê-la com<br />

qualquer argumento e ela, duvidando, olhava para as vinhas como buscando a proteção<br />

de meu pai.<br />

- Vamos, Mãezinha, diga-me onde está. Tenho direito a ver uma vez na vida o Tio<br />

Kurt.<br />

Finalmente se decidiu, mesmo que demonstrando grande contrariedade, e<br />

enquanto ela falava, longe de me alegrar por minha persuasão, maldizia por dentro a dor<br />

que havia causado e a angústia que sem dúvida lhe produzia esta confidência. Pelo<br />

menos até a volta de minha viagem.<br />

- Ele está perto daqui, na Província de Catamarca. Nunca fui visitá-lo pois me<br />

proibiu expressamente, ainda que me desse o endereço para um caso de emergência.<br />

Dei-lhe um cartão e uma caneta, comprovando que minha mãe havia memorizado<br />

os dados.<br />

- Nesses 35 anos não voltou a ver nem escrever para ele? – perguntei incrédulo.<br />

Sorriu, enquanto me devolvia o cartão e a caneta.<br />

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