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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

Seriam as 22:00 ou 23:00h do dia 22 de março de 1980, quando meus pés tocaram<br />

o chão da chácara de Belicena Villca, em Tafi del Valle. Pisei em terra firme e não<br />

obstante, meus joelhos afrouxaram um pouco, até que aterrissou tio Kurt, cujos pés<br />

estiveram a todo o momento um metro acima dos meus. Repito que eu viajei<br />

“pendurado” em sua cintura. Mas nem bem recobrei a estabilidade, soltei de tio Kurt e<br />

empunhei a Itaka. Ainda nem acabara de orientar-me e obedeci a um gesto seu que me<br />

indicava para agachar. Rapidamente, tudo foi recobrando sentido para mim: estávamos<br />

agachados atrás de um enorme automóvel negro. O carro dos assassinos orientais!<br />

Tio Kurt me comunicou com um dedo sobre a boca que fizesse silêncio, e logo<br />

sinalizou em direção à frente, depois do automóvel. Olhei sobre o capô e vi uma casa a<br />

não mais de trinta passos, derramando profusa luz até o breu exterior através de uma<br />

fileira de três janelas laterais. Ao que parece, o carro estava estacionado paralelamente ao<br />

vértice do ângulo da casa, o que nos permitia dominar, apesar das janelas laterais, a porta<br />

de entrada situada no outro. A porta, fechada, encontrava-se em um plano de 45° a<br />

esquerda; e até ali teríamos que chegar. Indubitavelmente contávamos com o fator<br />

surpresa. Os cães se haviam apertado contra o solo como serpentes, comandados<br />

mentalmente por tio Kurt e ali ficariam. Avançaríamos até a porta quando um grito<br />

humano, um estridente alarde de dor, alcançou-nos no sítio: lá dentro estavam<br />

torturando alguém! Então corremos até a porta o mais silenciosamente possível.<br />

E à medida que nos aproximávamos, um odor penetrante e doce foi o que<br />

primeiro nos chamou a atenção. Era uma fragrância como incenso de sândalo, e<br />

resultava tão fora de lugar ali que nos olhamos perplexos. Ambos reconhecemos no ato<br />

aquele perfume por havê-lo sentido anteriormente em distintas e dramáticas<br />

circunstâncias: tio Kurt no vale tibetano de La Brea; e eu na cela de Belicena Villca, na<br />

noite de sua morte. Mas isso só durou um instante, pois o que vimos depois concentrou<br />

toda a nossa atenção.<br />

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