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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

Uma vez dentro, comprovou que o templo estava iluminado por tochas e quem<br />

atado fortemente com cordas de cânhamo, Oskar feil dormia sobre a pedra sacrificial.<br />

Frente a ele, o Chefe dos Senhores do Karma gozava antecipadamente o Yajnavirya de<br />

sua dor, segundo pensou o intruso com um estremecimento, ao observar o riso e o olhar<br />

diabólico da sinistra escultura. Mas viu algo mais: no interior também havia uma guarda.<br />

Constava de quatro duskhas, ainda que se achassem a bastante distância, junto à única<br />

porta do Templo. Dois dormiam sobre uma esteira, enquanto os outros dois<br />

conversavam animadamente. O gurka começou a arrastar-se sigilosamente, tratando de<br />

que a pedra sacrificial interceptara a visão dos durkhas e levando na boca um afiado<br />

punhal para cortar as ligaduras.<br />

Momentaneamente oculto atrás do altar de pedra, o gurka kâulika se incorporou<br />

suavemente e viu por cima do corpo de Oskar o comportamento dos duskhas:<br />

continuavam completamente distraídos, entretidos agora em jogar dados. Deslizou uma<br />

mão sobre o rosto de Oskar e a apertou fortemente contra sua boca, com o propósito de<br />

evitar que falasse ou emitisse algum som desnecessário ao despertar. Contudo, apesar de<br />

sacudido com singular violência, o prisioneiro não voltava a si. Finalmente abriu os<br />

olhos, mas Gangi os viu brancos, com as pupilas desorbitadas para cima, e compreendeu<br />

que o alemão padecia dos efeitos de um narcótico.<br />

Nada se podia fazer, salvo retroceder e abandonar o Templo. Shiva saberia<br />

perdoar a quem pelo menos havia arriscado sua vida para resgatar a vítima dos<br />

Demônios. Mas estava visto que os Deuses dispuseram outro Destino para o gurka; ao<br />

tirar a mão da boca de Oskar, crendo-o completamente desvanecido, ocorreu o<br />

impensável: lançou um agudo lamento e se convulsionou durante um instante, para cair<br />

em seguida no desmaio anterior.<br />

O corpo voltou a ficar inerte, mas já era tarde : as sentinelas corriam ao altar<br />

proferindo exclamações. O gurka saltou sobre o primeiro e o apunhalou, mas teve de<br />

render-se gente a ameaça de dois dissuasivos fuzis. Outro guarda abriu a porta do<br />

templo e logo houve uma multidão exasperada de duskhas rodeando o intruso. Se Gangi<br />

houvesse contado com as armas dos guerreiros kâulikas haveria apresentado melhor<br />

batalha, mas dado o papel de carregador que representava na expedição o máximo que<br />

pôde levar era aquele punhal escondido entra suas roupas. Nesse terrível momento, o<br />

único que desejou foi que seu irmão conseguisse fugir.<br />

E seu desejo se cumpriu, pois o outro gurka descer com rapidez e mergulhou no<br />

lago, ganhando a margem sem ser visto. Escondido atrás de um muro que seguia o<br />

contorno da praia, observou como minutos depois chegava Ernest Schaeffer<br />

acompanhado pelos dois de seus mais fiéis colaboradores e seis lamas do Gorro<br />

Kurkuma. A sorte de seu irmão estava selada.<br />

Para o caso de serem capturados, ambos concordaram em declarar que a incursão<br />

ao Templo obedecia ao único propósito de roubo: - “supunham que no Templo –<br />

diriam – havia objetos de valor que poderiam ser subtraídos dos duskhas para<br />

comercializar na China ou na Índia, proporcionando uma mudança favorável na vida de<br />

dois pobres sherpas”. Seriam executados, claro, pelo sacrilégio cometido e,<br />

especialmente, porque Schaeffer não podia deixar testemunhas da presença de Oskar<br />

Feil no Templo. Mas a versão do roubo tiraria as suspeitas e não poria em perigo a tarefa<br />

dos espiões alemães.<br />

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