23.04.2013 Views

MBV - Octirodae Brasil

MBV - Octirodae Brasil

MBV - Octirodae Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“O Mistério de Belicena Villca”<br />

uma relativa androgenia cósmica até certo ponto, povoado por Deuses e Deusas devidamente separados;<br />

mas no topo, como Criador e Senhor dos demais Deuses, estava o Uno, que não era andrógeno nem<br />

neutro, mas masculino. O Uno não admitia Deusas a seu lado, pois se bastava a si mesmo para<br />

existir: era um deus macho solitário. Com tão bizarra concepção, não deve surpreender que os<br />

Golen fossem também homens solitários. Entretanto, ainda que a chave de sua conduta esteja aqui, não<br />

será tão fácil derivar dela o princípio que os levava a praticar entre eles o onanismo e a sodomia ritual.<br />

Por seu costume de habitar nos bosques, alheios ao povo, e suas práticas depravadas, muitos creram<br />

que os Golen procediam da Frísia, onde existia um Culto antiqüíssimo ao zangão Bute, o qual também<br />

era realizado por sacerdotes sodomitas: ali os Sacerdotes se castravam voluntariamente e o templo estava<br />

guardado por uma corte de eunucos. Outros supunham que procediam da Índia, de onde se conhecia um<br />

Culto de adoradores do falo. Mas os Golen não procediam nem da Frísia nem da Índia, mas de Canaã,<br />

e não praticavam a castração nem a adoração do falo, mas a sodomia simples e plena: tinham desterrado<br />

a mulher do mesmo modo que seu Deus havia destronado todas as Deusas; levavam uma vida solitária e<br />

isenta de prazeres, salvo a sodomia ritual, que representava a Auto-suficiência Dele.<br />

Logicamente, se os Golen eram tolerantes quanto à forma do Culto, e o único ponto inflexível era o<br />

concernente à unidade de Deus no Sacrifício, entende-se que manifestavam predileção aos povos cujos<br />

Cultos se personificavam em Deuses masculinos e tinham certo desprezo por adoradores de Deusas. Em<br />

curto prazo, essa atitude de indiferença ou desprezo, quando não de franca hostilidade, que os Golen<br />

dispensavam às Deusas, entraria em rota de colisão com a forma tão peculiar que entre o meu povo ibero<br />

havia adquirido o Culto a Belisana.<br />

Mas eles contavam, certamente, com o apoio das Potências da Matéria. De outro modo não se<br />

explicaria seu êxito, pois em relativamente pouco tempo, conseguiram dominar aos povos da Hispânia, e<br />

inclusive os de Hibérnia, Brittania, Armórica e Gália. A despeito do crescente poder dos Golen, sua<br />

sinistra doutrina não causara nenhum dano aos Senhores de Tharsis, sempre dispostos a aceitar tudo o<br />

que contribuísse para aperfeiçoar a prática do Culto. Não foram os Sacrifícios ao Uno que<br />

determinaram a sorte de minha família, mas outra atividade que os Golen realizavam com grande<br />

energia: procuravam, por todos os meios, fazer cumprir a segunda parte do Pacto Cultural. Quer dizer,<br />

embora já não fosse necessário fazer guerra aos povos do Pacto de Sangue, posto que fossem derrotados<br />

culturalmente, ainda permaneciam intactas muitas obras megalíticas dos Atlantes Brancos e isso<br />

constituía “um pecado que clamava aos céus”. “Os povos do Pacto Cultural faltaram a seus<br />

compromissos com os Deuses e essa culpa seria severamente castigada”; contudo, e por sorte para eles,<br />

existia uma solução: praticar o Sacrifício com máximo rigor e secundar aos Golen no cumprimento de<br />

sua missão. Em outras palavras, os nativos agora deveriam consagrar-se ao Sacrifício, sacrificar-se e<br />

sacrificar e, como recompensa, os Golen os livrariam do castigo Divino executando eles mesmos a<br />

destruição ou neutralização das obras megalíticas. Isso seria tudo, se não fosse porque os Deuses tinham<br />

feito uma advertência e quem a desobedecesse arriscaria ser destruído sem piedade para escárnio dos<br />

homens: o que não se podia perdoar, pois a paciência dos Deuses estava esgotada, era a lembrança do<br />

Pacto de Sangue e a busca da Sabedoria. Isso era proibido, e o mais abominável, um pecado sem<br />

redenção, era sem dúvidas o de querer preservar as Pedras de Vênus. O que não entregasse<br />

voluntariamente aos Sacerdotes do Culto, ou aos Golen, a Pedra de Vênus, sofreria a sentença de<br />

extermínio, quer dizer, pagaria com a aniquilação de sua linhagem, com a destruição de todos os<br />

membros de sua estirpe.<br />

Os Golen conseguiram rapidamente quase todas as Pedras que continuavam em mãos dos nativos.<br />

Diferente dos Sacerdotes do Culto, os Golen só enviavam algumas à Fraternidade Branca: outras as<br />

reservavam para utilizá-las em seus atos de magia, pois se gabavam de conhecer seus segredos e de poder<br />

45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!