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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

em Homem de Pedra. Porque no mito Egeu não é a Sabedoria posterior, mas o próprio olhar da<br />

Medusa que converte em pedra; a Sabedoria, pelo contrário, não está atrás da Morte, mas fora, junto a<br />

Perseu, totalmente inalcançável para ele. Ela não permite que o herói se reflita em sua Verdade<br />

Desnuda: se limita a colocar um espelho objetivo onde ele contemplará a Morte sem que esta o pegue. É<br />

toda a ajuda que lhe brinda Atena: vendo-la a partir do espelho, Perseu cravará a foice no pescoço de<br />

Medusa e dará morte à Morte, sem que esta façanha lhe permita alcançar a imortalidade. O espelho de<br />

Atena é seu escudo protetor; a Cabeça da Medusa, obtida na inútil façanha do Perseu grego, é colocada<br />

pela Deusa no centro do escudo, dando a entender claramente que nesta Era, logo do triunfo do Pacto<br />

Cultural, a Sabedoria está escudada na Morte, sem que exista possibilidade alguma aos mortais de<br />

chegar a ela. Desde logo, esta é apenas uma ameaça dos Sacerdotes do Pacto Cultural para desalentar a<br />

busca pela libertação do Espírito. Enfim, como o Perseu argivo nem alcançou a imortalidade nem<br />

conseguiu a Sabedoria, não poderá compreender a Serpente e por isso se vê obrigado a matá-la também,<br />

coisa que faz na volta de sua façanha, quando luta com um dragão e liberta a Andrômeda, com a que se<br />

une e gera numerosa prole.<br />

Finalmente, correndo o risco de serem executados sem piedade pelos tartésios, os Golen conseguiram<br />

infiltrar-se no Bosque Sagrado e espiar o Ritual do Fogo Frio. Desde aquele maldito dia, os Golen<br />

souberam que tinham achado um rosto e um local para a Medusa. Em poucos anos, graças a sua<br />

incessante persistência e a dos incontáveis Sacerdotes que os secundavam em todos os povos do pacto<br />

Cultural, se popularizou com renovado vigor a lenda grega de Perseu: os filhos de Forcis e Ceto, as<br />

Grayas, as Górgonas, e a Serpente que cuida da árvore das Maçãs de ouro, habitam num bosque<br />

sagrado da Tartéside, região que pertencia à margem do reino de Tartessos. Logicamente, não se verá<br />

com clareza a vantagem estratégica que implica para os Golen o fato de montar e adaptar um “mito” se<br />

partimos do princípio errôneo de que então ninguém acreditava nele ou de que todo mundo, embora lhe<br />

concedesse veracidade lendária, sabia que isso “já tinha ocorrido”. Pensar isso é não conhecer a ideologia<br />

dos Golen. Junto com sua concepção revolucionária da unidade de Deus no Sacrifício ritual, os Golen<br />

sustentavam o assombroso conceito de que os Mitos tinham caráter profético. Quer dizer, que<br />

os mitos, e todo o argumento procedente do Céu ou dos Deuses, jamais se cumprem totalmente.<br />

Tinham fé cega em que se repetiam as circunstâncias e os personagens, o Mito, como uma Profecia, iria<br />

se desenvolver novamente na Terra; em síntese, afirmavam:<br />

O que foi, isso será;<br />

O que se fez, isso mesmo se fará:<br />

Não há nada de novo sob o sol.<br />

De maneira que, no pensamento dos Golen, se profetizava o mito do Perseu argivo, este iria se<br />

concretizar infalivelmente: então a sentença de extermínio que pesava sobre a Casa de Tharsis ficaria<br />

também cumprida.<br />

Por suposto, não se deve enganar em relação à atividade de um Mito descrito até os menores detalhes:<br />

se bem que nas mentes crédulas do povo, Perseu e Medusa, eram imaginados como personagens reais, os<br />

Reis e chefes militares que ambicionavam o saque de Tartessos tinham o claro conceito de que eram<br />

representações; nos séculos da expansão tartésia, os que desejavam “imitar Perseu”, por exemplo, sabiam<br />

que a “Cabeça de Medusa” que tinham de cortar significava “destruir a Tartessos”; algo de semelhante<br />

ocorria quando nas guerras do século XIX se propunha “destruir o Urso” aludindo à conquista da<br />

Rússia, ou “humilhar o Leão” ao invés de “submeter a Inglaterra”. Sem embargo, o fato de que um rei<br />

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