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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

do lago Kuaring, a Ave ativou mentalmente seu Dorje de Poder, que se encontrava no<br />

trono do Rei do Mundo, em Chang Shambala, e transformou ao lama numa serpente<br />

macho naga. Depois se acoplaram com ardor ficando a Ave Rigden Jyepo prenha da<br />

serpente naga. Depois daquele ato homossexual, antes de partir, a Ave Divina pôs dois<br />

ovos de cor açafrão.<br />

Incubados posteriormente pelo lama Dusk, sob o Aspecto de Serpente Naga,<br />

ambos os ovos deram origem a um par de gêmeos híbridos – um terço Ave, um terço<br />

humano e um terço serpente – que seriam os Grandes Antepassados dos duskhas.<br />

Não deve estranhar que com semelhante crença, estes reividincassem seu<br />

parentesco com o rei do Mundo, e se convertessem em seus mais fanáticos adoradores,<br />

exigindo a todo aquele que tenciona chegar ao Portal de Shambala a oferenda de dor de<br />

uma vítima humana, grato regalo para quem ostenta os títulos de “Pai da Dor Humana”,<br />

“Senhor dos Senhores do Karma”, e “Supremo Mestre da Kâlachakra”.<br />

Desde então, os duskhas, povo descendente do mítico Dusk, cuidaram<br />

zelosamente da região e edificaram o templo a Rigden Jyepo sobre a “Ilha Branca”,<br />

denominada assim em memória de Chang Swetadvipa, a “Ilha Branca do Norte”,<br />

invisível aos olhos humanos e assento da Porta de Chang Shambala, a Mansão dos<br />

Bodhisatvas. Com o correr dos séculos, o povo dos duskhas cresceu, assim como o<br />

número de sua comunidade de lamas, vendo-se obrigados a levantar o enorme Gompa<br />

Ashram Jafran, ao que rodearam de belos Pagodes, dedicadas ao culto de diversas<br />

Deidades da Fraternidade Branca. A ilha com seu Templo, se encontrava muito próxima<br />

da margem Oeste do lago. Em frente a ela, se erigia em terra firme o Monastério com<br />

seu anel de Pagodes; e mais atrás, formando um amplo semicírculo que tapava e protegia<br />

o conjunto de edifícios religiosos, estava a aldeia dos duskas.<br />

O Hoang Ho, ou Rio Amarelo, sempre tem constituído nessa região uma tríplice<br />

fronteira entre os Reinos do Tibet, da Mongólia e da China. Durante milhares de anos os<br />

exércitos invasores, procedentes de tal ou qual Reino, passaram frente a Ashram Jafran,<br />

respeitando frequentemente seu status de comunidade religiosa, mas em algumas<br />

ocasiões tentando ocupar a aldeia ou submetendo-a ao saque. Essa realidade forçou os<br />

duskhas a fortificar a praça, construindo uma elevada muralha de pedra em forma de<br />

“U”, que ia de orla a orla do lago Kyaring: na abertura do “U”, frente ao espaço aberto<br />

no lago entre os extremos da muralha, estava a Ilha Branca com o Templo e o<br />

prisioneiro que procurávamos libertar.<br />

E na base do “U”, que era em frente da cidade amuralhada, se encontrava uma<br />

enorme porta de madeira, guarnecida por duas torres elevadas que faziam as vezes de<br />

atalaia, ocupadas permanentemente por vigias armados. Nos dois ângulos do “U”<br />

existiam também sendas torres com seus respectivos sentinelas.<br />

Vale esclarecer que tais medidas de segurança haviam surgido pela força das<br />

circunstâncias, ou seja, pela necessidade de proteger os Templo e o Ashram ante<br />

possíveis invasores, pois os duskhas careciam em absoluto, apesar de sua ferocidade para<br />

o Sacrifício Ritual, de vocação guerreira. Conformavam, isso sim, um povo de<br />

Sacerdotes natos, cujos membros ingressavam desde tenra idade na prática do Culto e<br />

viviam sempre asceticamente, fazendo pose de um rigor ultramontano. Não só não eram<br />

guerreiros, senão que a guerra lhes causava um horror essencial, e a imaginavam como<br />

um efeito do erro humano, da cegueira do homem, que não via, como eles, a Bondade<br />

dos Deuses Criadores do Universo.<br />

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