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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

Matéria parecia encontrar-se subordinada a mim. Havia uma idéia que flutuava no<br />

ambiente, fluindo igualmente de todas as coisas, que eu captava perfeitamente e que<br />

podia traduzir mais ou menos assim: - Agora és um Deus e nada nem ninguém<br />

poderá resistir a Tua Vontade. O ocorrido aqui é uma mostra do Teu terrível<br />

Poder! – Este conceito define o “novo sentido” que, tal como mencionei no início,<br />

parecia adquirir agora a Matéria por efeito da Visão: existia, pois, a intenção<br />

manifesta de conectar casualmente ao tremor com meu recente rapto espiritual.<br />

Mas eu não me deixava enganar. Intuía nessa idéia uma trama das Potências da Matéria,<br />

uma tentação, que no momento não era clara, mas na qual, mais adiante, me deteria para<br />

refletir com profundidade.<br />

Essencialmente, logo após, nada havia mudado no meu interior, mas jamais<br />

voltaria a ser o mesmo: somente a relação de forças que manteriam o Espírito e a Alma<br />

se tornou possível pelo efeito da força volitiva extra aportada pela Virgem de Agartha.<br />

Ao recobrar a consciência sobre a realidade do Mundo, logo após ver a Divina Imagem,<br />

meu Eu era capaz de dominar com singular potência a natureza anímica, de uma maneira<br />

como jamais conseguira antes. Depois de anos de práticas de yoga, e concentração e<br />

controle mental, e não estava disposto a perder tal poder, a que se invertessem os papéis<br />

e o Eu ficasse novamente submetido aos desejos da Alma. Mas isso não sucederia,<br />

podia assegurá-lo, pois era evidente que não somente saí fortalecido do rapto espiritual<br />

senão que a Alma se debilitava permanentemente no que constituía sua própria essência:<br />

os sentimentos e emoções, o amor e a vida e as coisas da vida, o bom coração que<br />

sempre havia manifestado e que impediu mais de uma vez que usasse a violência para<br />

solucionar os problemas que eram obstáculos em meu caminho. Todas essas cálidas<br />

paixões e muitas mais, se esfriavam rapidamente, bruxuleavam e se extinguiam como a<br />

chama de uma vela que consumiu sua cera. Certamente, se me visse obrigado a sintetizar<br />

o novo estado de meu ser, diria que era algo muito semelhante ao renascimento; sim,<br />

não temo afirma-lo, apesar e ser médico psiquiatra e, ademais, homem culto. Ainda que<br />

isso seja inaceitável para a ortodoxia oficial, não poderia negar o que certamente<br />

experimentava, e que havia produzido uma transformação considerável em minha<br />

conduta. Foi notável para quase todos os que me conheciam, e por isso supunham um<br />

choque pós-sismico; que eu “sofria” uma espécie de regressão psicológica. Tornei-me<br />

“como um menino”, “ria por qualquer motivo” e parecia que “nada me importava”, tais<br />

eram as reprimendas dos amigos e parentes, que revelavam a particular mudança<br />

regressiva de meu caráter. Mas também estava me tornando cruel e sem piedade, isto<br />

sabia eu mesmo, mas não me importava, pois, como nunca, depreciava minha vida e a<br />

vida em geral. Quero esclarece que “como nunca” significa “como nunca na minha vida<br />

adulta”, já que, isto conhecia profissionalmente, os meninos, como eu renascido, eram<br />

capazes de matar sem preconceitos nem remorsos.<br />

Talvez, durante aquele rapto espiritual, nesse instante infinito, morresse realmente,<br />

e ressuscitasse afinal, o que implica um paradoxo, pois não pode terminar o que não tem<br />

fim, um instante que estaria eternamente presente em meu Espírito. Sendo assim, a<br />

mudança infantil de caráter, a força volitiva reforçada, os sentimentos que morriam, os<br />

desejos que se apagavam, o coração que se esfriava sem remédio, a sensação de<br />

renascimento, a segurança espiritual de sentir-se salvo, próximo à libertação definitiva<br />

dos laços materiais, tudo se explicaria supondo que a verdadeira vida espiritual<br />

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