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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

poderosos braços. A impressão foi grande e desagradável e, por mais que gritasse e<br />

chorasse nada parecia afetar a meus raptores que corriam agora, mais rápido que antes.<br />

Uns instantes depois chegam ao destino. Ainda que eu não pudesse ver, entendia<br />

perfeitamente bem o árabe e compreendi então que os fanáticos chamavam a altas vozes<br />

a alguém a que denominava Mestre Naaseno.<br />

Por fim me libertaram do envoltório que me cegava, depositaram-me sobre uma<br />

suave almofada de seda, de tamanho médio. Quando acostumei a visão à penumbra do<br />

lugar, vi que estava em uma ampla estância, tenuamente iluminada com lâmpadas de<br />

azeite. O piso, coberto de ricas almofadas e tapetes, contava com a presença de uma<br />

dúzia de homens ajoelhados, com a testa no chão, que de quando em quando<br />

levantavam os olhos para mim e logo, juntando as mãos sobre suas cabeças, elevavam<br />

seus olhos extraviados até o céu chamando Ophis! Ophis!<br />

Por suposto que tudo isto me atemorizou, pois, ainda que não houvesse sofrido<br />

maus tratos, a lembrança de meus pais, e o fato de estar prisioneiro, me produziam uma<br />

grande aflição. Sentado no almofadão, rodeado de outros homens, era impossível pensar<br />

em fugir e esta certeza me arrancava dolorosos soluços. Logo, uma voz bondosa falou<br />

em minhas costas trazendo momentânea esperança e consolo a meus sofrimentos. Virei<br />

e vi que um ancião de barba branca, com um turbante, se chegava a mim.<br />

- Não temas, filho – disse em árabe o ancião a quem chamava Naaseno –<br />

Ninguém te fará mal aqui. Você é um enviado do Deus Serpente, Ophis-Lúcifer a<br />

quem nós servimos. Isso comprova pelo Signo que trás marcado para Sua Glória.<br />

Indicou-me num gesto afetuoso que permitiria ser tomado nos braços por ele,<br />

para poder me “ensinar as imagem de Deus”. Realmente eu precisava de um trato<br />

afetuoso, pois aqueles fanáticos não repararam que eu era um menino. Abracei o<br />

ancião e este começou a andar de um extremo a outro da sala – que se mostrou ser um<br />

sótão – onde se elevava uma coluna em cujo pedestal brilhava uma pequena escultura de<br />

pedra muito polida. Tinha a forma de uma cobra alçada sobre si mesma com olhos<br />

refulgentes, devido talvez à incrustação de pedras de um verde mais intenso. A imagem<br />

me fascinou e a teria tocado se o ancião não retrocedesse em tempo.<br />

- Gostou da imagem de Deus, “pequeno enviado”? – disse o Mestre. .<br />

- Sim – respondi sem saber por quê.<br />

- Você tem direito de possuir a jóia da Ordem – Continuou o Mestre enquanto<br />

fuçava em uma bolsinha de fino couro que levava colada ao corpo. .<br />

- Aqui está! - exclamou o Mestre Naaseno – é a imagem consagrada do Deus<br />

Serpente. Para obtê-la os homens passam por duras provas que à vezes leva toda a vida.<br />

Você, em compensação, não necessita passar por nenhuma prova porque é o portador<br />

do Signo.<br />

Com um afiado punhal que tirou do cinto, cortou um cordão verde de um cofre<br />

pendurado na parede e, amarrando a réplica de prata num laço, colocou-a em meu<br />

pescoço. Depois me olhou nos olhos, de uma forma tão intensa que nunca pude<br />

esquecer. Tampouco esqueci suas palavras, as quais pronunciou com voz muito forte,<br />

ritualisticamente. Agarrou-me com seu braço esquerdo e me elevava para que fosse<br />

visto por todos, enquanto com o indicador da mão direita assinalava ao Deus Serpente.<br />

Dizia o seguinte:<br />

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