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MBV - Octirodae Brasil

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“O Mistério de Belicena Villca”<br />

degradação do Sangue Puro. Em um século já não surgiam Iniciados da família real e os incas<br />

dependiam dos Amautas de Gorro Negro para qualquer ofício esotérico. Mas não concluiu ali a saída<br />

dos cuzquenhos: a expansão territorial do Império os colocou em contato com povos do Pacto Cultural e<br />

sofreu a influência de Sacerdotes que transformaram o Mistério de Viracocha, ou Navutan, em um mero<br />

Culto ao Deus Criador. Houve então, “outros” Amautas, ou seja, Sacerdotes que usurparam a função<br />

dos Iniciados Hiperbóreos.<br />

O maior dano, neste sentido, foi produzido pela chegada no século XIV de um conjunto de<br />

missionários católicos procedentes do <strong>Brasil</strong>, onde haviam desembarcado depois de cruzar o Atlântico.<br />

Guiava-os um Sacerdote de forte personalidade ao que os índios paraguaios deram o nome de Pay Zume<br />

ou Pai Tomé, nome lendário que os posteriores jesuítas das “Missões” identificaram como o Apóstolo<br />

São Tomás ou São Tomé. Os incas, em compensação, aceitaram sua pregação e a equipararam com seu<br />

Deus Tunupa, um dos Aspectos de Viracocha. As medidas certeiras que tomou para destruir a religião<br />

dos Atumurunas indicam que não havia subido ao Cuzco por mero acaso, senão que era um Enviado<br />

da Fraternidade Branca. Aquele Sacerdote conseguiu impor o culto da Cruz do Crucificado, da Mãe de<br />

Deus e a Trindade de Deus, crenças que ainda se mantém mais ou menos deformadas nos tempos da<br />

conquista espanhola. Isto foi, sem dúvida, nefasto para a vitalidade espiritual dos incas, mas o mal<br />

maior veio da introdução do sacrifício ritual e da mudança de significado da Apacheta.<br />

Na época do Império Tiahuanaco, um Atumuruna chamado Sinchiruca ensinou aos índios uma<br />

variante do Culto do Fogo Frio. Em tal Culto as pedras da Apacheta representavam aos Grandes<br />

Antepassados, , enquanto que um penhasco especial era a Pedra Fria possuidora<br />

do Signo Huañuy ou Signo da Morte. A Rumi Huañuy estava também, no Coração do homem, em<br />

sua Alma, e a ela permanecia preso o Espírito Não Criado: Por isso a Cerimônia , ao esculpir<br />

o acuyico de coca sobre o Rumi Huañuy, se expressa o desejo de separação do anímico e do espiritual, a<br />

transferência do anímico à Pedra. Mas, sobretudo, a Apacheta era um altar, um “lugar alto”,<br />

consagrado à Mãe de Navutan, a Deusa Ama, a Virgem de Agartha, a Deusa que entregou a<br />

Semente de Cereal aos homens, ou seja, a Deusa que os índios conheciam como Pachamama.<br />

Quando o índio transitava por um caminho, e chegava a uma encruzilhada, depositava uma pedra na<br />

Apacheta e deixava seu acuyco de coca, ou simplesmente colocava um seixo molhado com sua saliva: a<br />

Pachamama, então “matava” seu cansaço, “destruía” sua fatiga, “tirava” a dor,<br />

tudo o que é próprio da condição humana, ou seja, “libertava” o Espírito da<br />

natureza anímica e “orientava” o viajante no Labirinto de Ilusão que refletia a encruzilhada.<br />

Mas quando o índio escutava as Vrunas de Navutan, a Voz de Viracocha, em qualquer lugar que<br />

fosse, caia como que fulminado e se dizia que estava apunado (com o mal da montanha): então era o<br />

momento de levantar uma altar à Pachamama e ali mesmo se depositavam as pedras da Apacheta.<br />

Como disse, a Doutrina de Pay Zomé alterou o significado estratégico da Apacheta, coincidindo nisto<br />

com os Diaguitas hebreus, que haviam introduzido modificações semelhantes nos territórios conquistados<br />

aos Atumurunas. A mudança consistiu em transformar o Culto do Fogo Frio em Culto do Fogo<br />

Quente e em identificar a Pachamama com a Grande Mãe Binah. Converte-se, desse modo, ao estilo da<br />

decadência romana, a Apacheta em um altar de Deuses Domésticos, ou de um Deus Supremo, Criador<br />

do Mundo, representado pelo Fogo Quente, o Fogo Criador que nunca se extingue, o Logos Solar, o Sol.<br />

E sobre a Apacheta reinava agora uma Pachamama-Binah, Mãe Terra, Shakty, Matriz Criadora das<br />

coisas; Deusa do Amor ao qual convinha sacrificar para interferir ante seu Esposo, o Criador Uno. A<br />

Apacheta perdeu desde então, seu caráter estratégico para a Origem e foi, para os incas de Cuzco, um<br />

objeto do Pacto Cultural, um instrumento de idolatria dos Sacerdotes da fraternidade Branca, os novos<br />

“Amautas”.<br />

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